22 de fevereiro de 2014

Binóculos - Alguns conselhos

Os binóculos são algo extraordinariamente necessário, porque extremamente úteis e mesmo imprescindíveis na caça, naturalmente mais nas observações de campo, nas esperas e aproximações.
Normalmente duram uma vida ou duas, se não os perdermos, se não os roubarem e se os tratarmos com algum cuidado.
É daquelas coisas em que devemos investir mesmo.
As armas normalmente são ferros; há umas mais bonitas, umas mais leves, gatilhos mais agradáveis, umas muito caras e outras bastante baratas, enfim, ao gosto de cada um, mas na verdade todas disparam e bem. A diferença está no indivíduo que a dispara e também, muito importante, na óptica que tem montada. Mais uma vez, algo em que se merece investir. Estas coisas têm que ser estudadas.
Uma boa marca, e realmente mais cara, é sempre melhor que uma mais barata e de gama inferior.
Nas lentes creio que não se deve escolher à toa nem poupar demasiado.
Têm que ser bastante luminosas, de grande abertura, de grande qualidade para melhor focagem, contraste e nitidez, de tubo largo para passagem de imagem, leves, resistentes e de fácil encare e operação. Os binóculos também.
A propósito disso, há já uns bons anos, num passeio de observação, na Galiza, com verdadeiros mestres, sorriram quando me viram com uns Tasco de gama superior e quando eu disse que me serviam bem… Depois emprestaram-me os deles para comparar, Leica, Swarosvsky, etc… e aprendi ali uma boa lição com todos os bons conselhos que me deram. Uma semana depois estava a adquirir a um confrade uns Steiner… 
Hoje em dia as marcas apresentam várias gamas.
As marcas têm o seu histórico, o seu prestígio. Devemos escolher uma marca antiga e reputada e decidir-nos por um modelo à nossa medida que encaremos bem.
Oito, nove e dez aumentos são os mais vulgares e adequados para as esperas e aproximações.
Aberturas de quarenta e quatro, cinquenta, cinquenta e seis são as mais normais para o que queremos. Não são desejáveis os de zoom. Há uns que têm o medidor de distância incluído… Óptimo, se forem de boa marca, apesar de mais pesados em tudo, preço principalmente…
Quanto ao peso, que pesa mais nas aproximações, é inversamente proporcional ao preço…
De gama mais baixa, Bushnell; gama média boa, Leupold, Steinner, Zeiss, Kahles; gama alta, Swarosvsky, Leica. Isto sem ir para marcas de guerra, táticas, normalmente não acessíveis no mercado.
Assim, o conselho será para uma boa marca, 8x44 a 10x56, compacto e leve.
Aconselho também a pesquisar o mercado de usados, onde às vezes aparecem excelentes oportunidades a muitíssimo bom preço e também, se não tivermos o dinheiro disponível, a compra a crédito, a prestações, já que há essa possibilidade em muito lado!

Texto e foto de Luis Barata

9 de fevereiro de 2014

Paisagens de Caça

"São deliciosas aquelas caçadas em São Miguel; quase sempre seguidas de um jantar campestre, nalgum daqueles picos, avistando o mar entre os incensos, as faias, os arvoredos de preciosas camélias; o relvão dos campos, viçoso como os prados artificiais de Inglaterra, e que é transportado em talhões para atapetar jardins. As nespereiras japónicas acurvadas de frutos, os morangos bravios, pequenos e aromáticos, nos cabeços do mato, os laranjais murados pelos abrigos, tornam aqueles jantares encantadores, e de verdadeira poesia!
Foi ali, respirando as correntes lavadas do ar do oceano, banhando-me nas suas riquíssimas termas, caçando pelos montes, e no trato de gratíssimos amigos que reconquistei a saúde, guardando na memória, com saudosas lembranças, os dias de São Miguel, dos mais felizes da minha vida."

Bulhão Pato, 20 de Outubro de 1883


Nuno Sebastião (2012). Paisagens de Caça. Gráfica 99.

"Paisagens de Caça", sobre Bulhão Pato, é um livro a não perder.
Ao nível de um "Caça - Memento venator", de Eduardo Montufar Barreiros, de "Caçadas Portuguezas", de Zacharias d'Aça, ou mesmo de "Galinholas", do Fernando de Araújo Ferreira. 
Resulta de um extraordinário esforço de recolha e selecção por parte do Nuno Sebastião, que também redigiu as notas que o preenchem e o enriquecem.
No Prefácio deste livro diz-nos Fernando Seixas sobre o autor que "(...) desenvolve ao mesmo tempo um gosto pela leitura da nossa prosa e poesia cinegética e é assim que depois de ler a obra de Bulhão Pato decide fazer esta colectânea de textos deste fantástico escritor, caçador e gastrónomo, relacionados com a caça e gastronomia."
"(...) Se foi Bulhão Pato que ajudou os portugueses a descobrirem as ameijoas, foi Nuno Sebastião que nos ajudou, com esta colectânea de textos sobre caça, a descobrir este Bulhão Pato escritor, caçador e gastrónomo, desconhecido para tantos de nós."

Trata-se de uma edição patrocinada pela Associação dos Armeiros de Portugal, onde poderá ser adquirido (www.armeiros.org).
No ano de 2011, a mesma associação, lançou e apoiou na Expocaça, a Campanha de Angariação de Dadores de Medula Óssea.

2 de fevereiro de 2014

Companheiros do Defeso

Do Sérgio Paulo Silva, e sobre os seus livros (No rasto da memória; Caça falada; Vadio; O bando e outras penas de caça; Conselhos velhos para caçadores novos; Sal ironias e gabarolice; Ainda o perdigueiro português), este é, para mim, aquele que melhor o caracteriza como caçador e escritor. Talvez porque tenha sido o primeiro que dele adquiri. 
Foi há alguns anos, numa livraria em Ponta Delgada, na Ilha de São Miguel. Fica ao lado duma pastelaria, que também vende revistas, situada numa rua calcetada, próxima do Largo 2 de Março, mesmo defronte dum café que fechou. Foi um tiro de sorte, mas foi um grande tiro! 
A primeira impressão, lembro-me bem, foi não ter gostado da capa: dois tipos a caçar, um deles de semi-automática e ambos de costas! Mas deliciei-me com a frase "caçadores que escrevem/escritores que caçam" e como quem vê caras não vê corações o abri e folheei...
Por sorte, mais uma vez (a primeira foi ter encontrado o livro), me deparo com o Miguel Torga a caçar com uma espingarda de 5 tiros, que deduzi ser a Browning A5. Em que calibre seria? O 16 ou o 12? Talvez o 12, porque teria posses para isso, pensei para comigo. 
De imediato perdoei o caçador que, há pouco, tanto tinha depreciado. E fui lendo até me aperceber que, em face das referências lá existentes e para melhor compreender o que dizia, teria que seguir os trilhos que me ia indicando. Comprei o livro. 
Não me lembro quanto paguei na altura, porque também lhe retirei o preço. Se estivesse manuscrito, ainda o teria deixado ficar, mas era um daqueles autocolantes, impressos e impessoais, feios!
Nestes textos do Sérgio Paulo Silva caço bastante, e tanto que até temos uma foto juntos. 
Se me procurarem na capa, encontram-me mesmo atrás do companheiro que transporta a espingarda ao ombro, os seguindo...
Reportagem sobre Sérgio Paulo Silva
O Sérgio Paulo Silva poderá ser contactado através do endereço: serpaulosilva@gmail.com 

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