19 de abril de 2014

A Caça - Perspectiva Histórica e Receitas Tradicionais

Desde o paleolítico bife de “auroch” até ao guérardiano navarin de faisão, a caça tem acompanhado o homem no atravessar de milénios. Alimento assistencial desde a primeira hora omnívora, recolheu a atenção primeira dos nossos antepassados.
É impossível debruçar-mo-nos sobre a aurora do homem sem que nos apareçam, a todo o momento, os sinais do homem caçador.
Como única garantia de vida, a caça está presente nos restos de comida que nos chegam até hoje, nas pedras e utensílios para o seu abate, na utilização de peles para agasalho, no uso de ossos e dentes para armas e enfeites, na representação portentosa dos seus corpos e movimentos, em toda a arte rupestre.
Toda a estrutura económica da sociedade estava baseada na caça que fornecia tudo o que era essencial para a vida. Foi a partir dela que nasceu a técnica, que deu origem aos primeiros instrumentos, e foi a partir dela que o homem desenvolveu as suas faculdades de astúcia, que lhes eram essenciais numa luta desigual com animais superiores em tamanho, em força e em número.
Foi também a caça que deu os primeiros deuses aos homens, elegendo cada clã ou cada horda um símbolo totémico animal que, em forma de alegoria, protegia os homens da sua mais directa preocupação: a fome.
Instituídas em figuras de protecção e agradecimento, logo se transformam em objectos de devoção que, mais tarde, dariam origem ao deus-animal que tão comum haveria de ser nas civilizações proto-egipcías e em quase todas as regiões onde houve uma ligação intima e estreita entre os povos e a sua caça.
Apesar de transformados em símbolos de veneração , os animais de caça escolhidos para deuses ou totens, não eram subtraídos à dieta alimentar dos povos que os deificaram. (Nota Breve Sobre a Caça na Cozinha, pp. 59-60)

Galinhola Real

Barre a galinhola com uma massa feita de alho, sal e salsa e envolva-a em papel de alumínio, antes de a levar ao forno onde deve estar cerca de trinta e cinco minutos.
Com o fígado, a tripa e duas gemas de ovo, faça uma massa que deve passar por duas colheres de sopa de manteiga e um cálice de armagnac. Deixe fazer este molho durante três minutos, ao fim dos quais deverá juntar uma colher de sopa de mostarda de muito boa qualidade. Passe o molho por um passador e retire a galinhola do forno. Passe toda a ave pelo molho que acabou de fazer e sirva de imediato. (pp. 95-96)

Um verdadeiro livro de caça e de receitas, que todo o caçador deve possuir.
Na primeira parte acedemos a uma perspectiva histórica da caça e da relação do homem com os alimentos - muito interessante e muito bem conseguida pelo autor, que a faz desde os primórdios até à actualidade, e na segunda metade usufruímos de belíssimas receitas tradicionais de caça, que vão desde o pequeno tordo até ao poderoso javali ou majestoso veado, sem esquecer o coelho, a lebre, a codorniz, a galinhola ou a perdiz, entre outras espécies do nosso calendário venatório.

Alfredo Saramago (1997). A Caça - Perspectiva Histórica e Receitas Tradicionais. Colares Editora.

18 de abril de 2014

A Caça e a Literatura - Colóquio

No próximo dia 26 de Abril, das 10h15 às 16h30, na Casa do Paço, no Município de Tarouca, decorrerá um colóquio, denominado "A Caça e a Literatura", cujo programa aqui se anuncia.


16 de abril de 2014

Veados na Raia

Em “Veados na Raia”, de Manuel Vassalo, desfrutamos de belíssimos relatos e recolhemos diversa informação sobre a caça de aproximação aos veados no concelho de Idanha-a-Nova; no Vale de Avide, na Morena ou nos Tronqueirões.
Ao longo das mais de trezentas páginas que nos oferece, acedemos a equipamentos e acessórios, vestuário e calçado, indo o autor ao pormenor de descrever a forma como se movimenta e coloca os pés, para além de nos apresentar armas, munições e calibres, explicando as razões da preferência d'um em relação àquel’outro.
No essencial, apesar de nunca o dizer directamente, nos traça e define o perfil do  verdadeiro caçador e de como este se deve relacionar com o animal que persegue.
Tomámos igualmente conhecimento do significado de mais de cem termos regionais, como “A-de-rabo”, “Boca-noite”, “Carujér” ou “Undo”, entre muitos outros.
Veterinário de formação, o Dr. Vassalo, veio partilhar connosco a sua experiência e saber adquiridos como Guia de Caça na aproximação aos veados, valorizando sempre o  lance e o aproveitamento da carne, fazendo-o com a mesma naturalidade e humildade como encara a vida e a morte.
Em tudo nos deixa uma opinião pessoal muito válida, mas que nos persiste em qualificar, nas suas próprias palavras, de: “Vale o que vale”!

“Este despretencioso livro é uma singela homenagem a uma população que sempre me tratou com toda a consideração e a uma região onde tive caçadas memoriais, usufruindo das suas belíssimas paisagens. Por estas razões decidi usar termos regionais ao longo do texto e que se encontram em itálico, podendo o seu significado ser consultado no glossário. Também é um contributo meu para com uma espécie que ao longo de anos me tem vindo a proporcionar um prazer imenso. Por isso não faço alusão aos que são medalha ou não, pois pretendo única e exclusivamente realçar a espécie, o lance e o caçador.
Ao longo dos anos fui tirando notas das caçadas que realizava. Escolhi aleatoriamente algumas e outras, para mim também interessantes, ficaram na gaveta da minha memória.
Não quero deixar de esclarecer, que os conhecimentos, apresentados neste livro, não são científicos, mas sim o resultado de observações realizadas no campo, ao longo de mais de vinte anos. Alguns, já os vi descritos em livros, contudo pude pessoalmente comprova-los, outros foram única e simplesmente presenciados por mim e discutidos com amigos, como por exemplo o Professor Dr. Alberto Ferreira, pois para ele é importante este conhecimento prático.
Neste livro faço transparecer a minha concepção da caça. Para mim, a caça é algo mais do que fazer uma colecção de troféus ou desporto. É-me impensável fazer desporto com a vida de um animal, pois ela não se insere em nenhum desporto e não é ou não devia ser, uma competição entre dois seres humanos. Na minha modesta opinião, há seres humanos, que ainda têm no seu código genético, o gene da predação. Esta foi a primeira actividade do Homem, muito antes de fixar e tornar agricultor. A caça é uma necessidade genética, um acto de predação entre o predador e a sua presa e nestes meus singelos contos, mais não pretendo do que valorizá-la mas dignificando a importância dos animais, a sua capacidade de adaptação e de superação da adversidade, quiçá uma lição de vida para os humanos...” (pp.9)

Manuel Vassalo (2013). Veados na Raia. Município de Idanha-a-Nova.

13 de abril de 2014

Caça – Filosofia para Todos

"A caça tem sido, ao longo do tempo e da história, uma pedra basilar nas tradições artísticas, religiosas e filosóficas de inúmeras culturas. De facto, precede a caça a própria civilização. No entanto, poucos percursos continuam a ser tão controversos como este, pelos contínuos embates no centro de questões fundamentais, como a morte, a personificação, a vida não-humana e a moralidade. Este livro encerra uma admirável colecção de pensamentos provocantes de diversos autores e de novos ensaios, produzidos através de um espectro académico e não académico, que se movem para além dos argumentos familiares e debates sobre a caça.
Filosoficamente estimulante, proporciona novas perspectivas numa diversidade de tópicos:
- Temas relacionados com a ética da caça;
- As experiências e perspectivas do caçador;
- A relação existente entre caça e natureza e natureza humana;
- A caça na cultura, política e tradição.
Na peugada de um dos assuntos mais controversos da sociedade contemporânea.
Caça – Filosofia para Todos, é uma obra que nos veio agitar estereótipos e convidar a pensar profundamente o significado de ser humano.”
Trata-se, efectivamente, de um livro que merece tradução para português pela actualidade e pertinência dos assuntos que trata.
Saiu em primeira edição no ano de 2010 e foi compilado por Nathan Kowalsky, Professor assistente de Filosofia, na Universidade de Alberta. Para além desta obra, o autor publicou diversos ensaios e foi consultor do Governo Canadiano em assuntos de carácter ambiental.
É caçador e dedica o livro ao seu avô, falecido em 2009, com quem caçava, na companhia do seu pai, nas imensas planícies canadianas.
Vale a pena!

6 de abril de 2014

Como Falar para um Anti-caça

Quando se é editor de uma revista de caça em Manhattan, passa-se a ter uma noção da verdadeira dimensão da ignorância em relação ao mundo selvagem e constata-se que é da moda, mesmo um conceito moral, nos círculos mais sofisticados, menosprezar hipocritamente as realidades da natureza.
Ficarás perplexo ao verificar que muitos destes urbanos elitistas se opõem ao corte de árvores, mas que optam por viver confortavelmente em casas de madeira, equipadas por lareiras onde as queimam; que conduzem SUV’s de elevadas cilindradas, mas que apoiam restrições cegas ao uso de gaz e combustível fóssil; que clamam por energia limpa, mas que se manifestam ruidosamente quando se vêem confrontados com ventoinhas nas proximidades das suas casas de praia; e que se opõem à caça, mas que beneficiam dela de toda a vez que viajam de avião, uma vez que se previne o embate de gansos nas aeronaves.
E que, por vezes, te encontras mesmo numa troca de palavras sem qualquer sentido e totalmente inconcebível com uma dessas pessoas. Por isso é que me vi na contingência de criar um modelo, constituído por cinco etapas, de como se deve falar para um anti-caça. Por exemplo, há alguns anos, numa aprazível noite de Verão, em Nova Iorque, fui convidado a estar presente num jantar que teve lugar num restaurante da moda daquela cidade. Sentei-me defronte de uma mulher que me pareceu ser, pela forma como se vestia e agia, uma pedante. Disse-me que era advogada e perguntou-me o que fazia. Respondi-lhe que editava uma revista de caça.
A mulher, momentos depois, enquanto espetava o garfo numa das cenouras que tinha no prato, olhou-me nos olhos e disparou: “Sou vegetariana; oponho-me a tudo o que é caça.”
O primeiro passo a respeitar num debate com anti-caças é ser cordial, mesmo quando verborreiam. Ajuda a manter a conversação, a temperar as emoções e dá-lhes motivação; afinal de contas ignoram a verdade politicamente incorrecta que assiste à caça, por isso sorri-lhe.
O segundo passo é confrontar o anti-caça com as suas convicções, contradições e tudo o resto. Força-los a explicar a base das suas conclusões contra a caça. É a aplicação do Método Socrático e resulta maravilhosamente perante estes utópicos troca-casacas, pessoas que baseiam o seu conhecimento da natureza nas animações de Walt Disney.
Respondi-lhe: “Nesse caso, presumo que só coma vegetais?”
- Sim, claro.
- Porquê?
- “Lamento a existência da morte, do assassínio dos animais”, declarou.
- Presumo então que os vegetais que consome devem vir de quintas certificadas «Não-Morte»?
- Isso o que é? Perguntou-me sustendo a garfada defronte da boca.
- Certamente que confirma a existência da certificação quando adquire os seus vegetais. Não o faz?
- Não. Onde é que...? e pousou o garfo.
- Não será melhor questionar o restaurante sobre a proveniência dos vegetais que está a consumir?
Assim que o empregado passou por perto, abordou-o: “Poderá informar-me se adquirem os vossos produtos vegetais numa quinta certificada de «Não-Morte»?”
Atónito, o funcionário arregalou os olhos e retorquiu: “Eu... eu... Terei de verificar. Um momento.”
Regressou apresentando um semblante preocupado. “Queira desculpar-me, mas na cozinha ninguém tem conhecimento de tal designação ou origem. Asseguro-vos que os vegetais são de qualidade. Recebemo-los de quintas orgânicas e nos chegam frescos todos os dias.”
Olhou a mulher para a sua salada. Não sabia o que fazer. Depois viu-me esboçar um sorriso e focou-me venenosamente. Nessa altura senti que teria ultrapassado alguns limites e solicitei que me perdoasse. “Preguei-vos uma partida. Não existe esse tipo de certificação.”
- Bem, eu nunca! Exclamou.
O terceiro passo na fala com um anti-caça é identificar-lhe as contradições, o que lhe fiz secamente, ignorando totalmente a primeira etapa. Antes que me agredisse, saltei para o passo quarto: Deixem-nos saber que estão a falar com uma pessoa esclarecida, conhecedora das coisas, dos factos reais.
- Tenho caçado desde os campos de Montana ao Maine e os agricultores apreciam e reconhecem a importância do que faço.”
- E?
- Todos eles necessitam de defender as suas colheitas. Ainda não conheci nenhum agricultor que não mate gansos, coelhos ou mesmo os veados que lhes vão comer as novidades.
- Onde pretende chegar?
- Cada uma das cenouras ou hortaliças que consome foram produzidas por agricultores que matam veados e coelhos, tal como qualquer animal que lhes comprometa a safra.
Começou a ficar conturbada e sem saber o que dizer.
Era chegado o momento do quinto passo: Abater a irracionalidade e apresentar uma alternativa. É a etapa mais importante, porém a mais negligenciada. Confrontar um anti-caça com os factos reais nunca é suficiente. Ficam confusos perante as próprias contradições. Geralmente as pessoas com escolaridade detestam assumir que defendem teses sem credibilidade ou constatar a cegueira do seu fanatismo. Se os deixarmos nesta fase, perder-se-ão nas suas emoções, na sua irracionalidade e não aprenderão absolutamente nada. Por isso continuei.
- Não deverá sentir-se culpada pelo facto dos agricultores necessitarem de proteger as suas colheitas. É natural que o façam. As espécies animais também o fazem em relação às suas fontes de alimento. Os lobos matarão o intruso, tal como os leões e os pumas. Até mesmo o esquilo perseguirá outro esquilo que ousar penetrar no seu território. Todos necessitam de proteger o local onde vivem. Se não o fizerem morrerão. Isso faz parte da vida, da ordem natural das coisas.
- Bem, suponho que seja verdade. Disse ela concordando.
Se uma pessoa debater este tema frontalmente, sem se deixar enredar nas contradições que lhe são apresentadas, estes cinco passos resultarão.
A maior parte das pessoas ignora a verdade sobre a existência da caça. As emoções toldam a visão lógica. Mas a culpa não é totalmente delas. A poderosa corrente dos media não lhes está a contar a história toda. A não ser que tenham uma experiência pessoal, jamais aprenderão a importância da caça. De facto, falar com verdade sobre caça na América tornou-se de tal modo supérfluo que os meios de comunicação para definirem um político em termos ambientais, recorrem a uma listagem publicada pela Liga de Eleitores Conservacionistas, movida pelos temas do aquecimento global e da oposição à exploração e uso de combustíveis fosseis, cujo objectivo é pressionar os legisladores a apresentarem medidas restritivas da emissão de gases poluentes. Se o político passa o teste, então é “verde”, se chumbar está condenado à liga dos poluentes, dos destruidores ambientais e, claro, dos caçadores.
Não consideram importante a gestão da vida selvagem ou a angariação de fundos para esses tipos de programas, a preservação das áreas húmidas, a restauração dos habitats ou outros esforços quantitativos. Nada disso é digno de registo na tal escala ambiental.
Isso é um ultraje aos caçadores, porque são estes que implementam e pagam os projectos conservacionistas do mundo real.
Em resultado, um congressista apesar de ter votado a expansão de um programa de preservação, apoiado a cedência de fundos adicionais a um sistema de refúgio da vida selvagem ou lutado por águas límpidas, pode muito bem ser catalogado por essa liga e pelos media como anti-ambientalista por um dia ter considerado inviável restringir totalmente a extracção de combustíveis fosseis em plataformas marítimas.
Esta disparidade não é apresentada pelos mass media. Resulta daqui uma coluna vertebral tão defeituosa que mesmo nos tempos actuais, em que a consciência ambiental está tão desperta, a maioria dos americanos ignora que, das taxas obtidas através do comércio das armas e munições, bem como de outro equipamento de caça, contribuíram os caçadores em 2005 com $294.691.282 USD para programas estaduais de conservação ou mesmo que os montanhistas, os ciclistas e ambientalistas não pagam uma pequena fracção desses valores. A maior parte das pessoas não tem mesmo consciência que o dinheiro dos caçadores compra habitats e gera fundos importantes para investigação em todos os estados. Ignora inclusivamente que a caça reduz o risco de sermos perseguidos pelos predadores.
Foi para combater isto que escrevi este livro. Nestas páginas encontrarás factos concretos que atravessam a retórica, a propaganda anti-caça e a versão dos media. Lerás biólogos, caçadores, agricultores, anti-caças, vítimas de ataques de animais e muitos outros. Acederás a estudos da vida selvagem, estatísticas de ataques, notícias e opiniões de peritos de caça. E compreenderás como a proibição da caça afecta as populações de animais selvagens e a sua conservação. Deste modo, assim que falares com um anti-caça ou quando o teu coração te questionar sobre a prática da caça, saberás encontrar uma resposta concreta e real, mesmo que seja do tipo politicamente incorrecta. (pp. 1-5.) Tradução por Pedro Miguel Silveira

Frank Miniter (2007). The Politically Incorrect Guide to Hunting. Regnery Publishing, Inc.

À Redescoberta das Furnas

Passeio realizado por Colaboradores do BES dos Açores e do Grupo Bensaude no dia 5 de Abril de 2014, com o objectivo imediato de redescobrir as águas do Vale das Furnas. 
Fomos acompanhados na vertente científica e histórica pela Dra. Paula Aguiar, João Câmara e Cidália Costa. 
O almoço foi cozido nas caldeiras das Furnas e magistralmente servido pela dupla: Berta Melo e José Franco.
Durante o roteiro das águas foram ainda degustados produtos locais de Emanuel Casado e da Cooperativa de Solidariedade Social Celeiro da Terra.   
Participaram ainda neste evento com uma animada componente musical, o inigualável Carlos Galvão e o Furnense António  Pacheco (Barreta) acompanhado à viola pelo José Cabral.
O Sr António Pacheco, com 85 anos, é uma das vozes mais puras do folclore e música popular Açoriana, e uma referência obrigatória nas Serenatas do Vale das Furnas. 
Aconselha-se vivamente este percurso pelo fascínio do mundo das águas das Furnas, naquela que é considerada a maior hidrópole do mundo.

Texto da autoria de Gualter Furtado
Foto de João Dias

3 de abril de 2014

Game Management

De Aldo Leopold, autor do "A Sand County Almanac", publicado recentemente em Portugal com o título de "Pensar Como Uma Montanha", apresento o "Game Management", cuja primeira edição data de 1933 e ainda sem tradução para português.
O que muita boa gente ignora, quando menciona Aldo Leopold, na qualidade de cientista, filósofo ou ambientalista é que ele foi caçador de arma de fogo, de arco e flecha e pescador até ao fim. 
Que sacrilégio! Dirão alguns na sua enorme petulância e desconhecimento. 
Calar-se-ão outros, envergonhados...
Mas foi precisamente por ter sido caçador que Aldo Leopold nos escreveu estas duas belíssimas obras que ainda hoje nos inspiram e orientam na gestão da vida selvagem e na nossa relação com a terra; a tal "Land Ethic" que ele tão bem aborda e nos refere no "A Sand County Almanac".
De "Game Management" traduzo livremente o final do prefácio que a seguir transcrevo das palavras do autor:

"(...) Este volume almeja três objectivos:
Primeiro, servir como guião para gestores da vida selvagem ou para aqueles que a estudam e dessa actividade pretendem fazer uma profissão.
Segundo, permitir que o caçador desportista ou o amante da natureza consiga compreender o que observa quando está no campo armado ou de binóculos ou mesmo na qualidade de activo conservacionista.
Terceiro, explicar ao naturalista, biólogo, técnico agrícola ou florestal, como as diferentes ciências se relacionam com a gestão da vida selvagem e como as suas práticas condicionam a aplicação no terreno.
Em resumo, trata-se esta obra de uma tentativa para descrever a arte de gerir o meio ambiente e os animais selvagens, bem como traçar um rumo que permita integrar essa gestão noutras áreas em que fazemos uso da terra."

Aldo leopold
Junho de 1932

Aldo Leopold (1986). Game Management - Aldo Leopold. The University of Wisconsinpress

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