9 de dezembro de 2013

Um Relato da Ilha de São Miguel

São Miguel não é como as outras Ilhas em matéria cinegética, pois apresenta-se muito mais fraca, diria mesmo fraquíssima em capital cinegético, face ao número de caçadores existente, mas ainda assim vai dando para cobrarmos alguma coisa  e vivermos esta paixão.
Ontem foi o último dia de caça ao coelho-bravo na Ilha de São Miguel, razão que me levou a concentrar os meus esforços nesta espécie cinegética (só é permitido caçar 2 coelhos por caçador em São Miguel), e como a caça às codornizes só começa às 9h e termina às 12h, quando acabei a caça aos coelhos já me sobrou pouco tempo para as codornizes. Depois, como desconheço em absoluto onde os Serviços Florestais têm vindo a lançar codornizes em São Miguel e faço mesmo questão em desconhecer, o resultado foram 4 codornas abatidas  (infelizmente uma não recuperada, mas que faço questão de contar para os meus limites), isto é, uma a menos do que é permitido no calendário venatório.
Esta jornada pautou-se pelo cobro de 2 coelhos, 3 pombos-da-rocha e 3 codornizes.
Faltam mais dois Domingos para caçar à codorniz.

Texto e foto da autoria de Gualter Furtado.
A fotografia resulta de uma jornada às codornizes, ocorrida esta época, na Ilha Terceira, com dois caçadores e dois cães de parar.

30 de setembro de 2013

A Agricultura e a Caça

A caça nos Açores só tem futuro sustentável se houver uma forte aliança entre os Agricultores, os Caçadores e as entidades públicas por forma a articularem ações que sejam benéficas para todos. E tenham sempre presente que o rendimento dos Agricultores tem de ser preservado.
Com um rolo de erva a servir de abrigo e posteriormente de mesa, com uma vista deslumbrante, assim se passou uma manhã  de caça muito agradável ao Pombo-da-rocha  na Ilha de São Miguel  e sempre acompanhados da simpatia do Lavrador que recentemente tinha semeado os terrenos onde improvisamos o nosso abrigo. 
A caça ao Pombo-da-rocha na Ilha de São Miguel, de 22 de Setembro a 3 de Novembro, só é permitida apenas aos Domingos, das 9 horas  às 15 horas e 12 Pombas por caçador. 
De 10 de Novembro a 26 de Janeiro é permitida a caça a esta espécie do nascer do sol até às 15 horas, permanecendo inalteradas as outras  condições .
Uma boa caçada ao Pombo-da-rocha exige  um local de comida onde esta espécie esteja fixada, vento de sentido contrário à rocha onde vivem as Pombas, por exemplo, se estivermos a caçar na costa Norte o ideal é estarmos com vento Sul, boas negaças, um abrigo para nos escondermos com boa visão, sendo preferível um que seja natural ou os rolos de relva, uma vez que já fazem parte da paisagem Açoriana, uma arma de caça com cargas adequadas (usamos sempre as calibres 20, com  71 cm de cano, com 2 estrelas no cano esquerdo e 4 estrelas no cano direito e cargas de chumbo nº 7 e 6) e  que garantem tiros desportivos.
O Pombo-da-rocha permite a confeção de pratos de gastronomia cinegética extraordinários e está o segredo na cozedura prévia das pombas para ficarem tenras e depois é dar azo à imaginação com os temperos adequados. 
O Pombo-da-rocha bem confecionado não fica nada atrás  da Perdiz vermelha.


Texto e fotos da autoria de Gualter Furtado

26 de setembro de 2013

Calendário Venatório para Santa Maria - Época 2013/2014

Data de 26 de Junho de 2013, o edital emanado da Direcção Regional dos Recursos Florestais (DRRF), serviço dependente da Secretaria Regional dos Recursos Naturais (SRRN), que veio regulamentar a caça na Ilha de Santa Maria para a presente época (2013/2014).
Este documento entrou em vigor a 01 de Julho de 2013 e terminará o seu prazo a 30 de Junho de 2014.
À semelhança do decretado nas anteriores, divide a ilha em duas partes sensivelmente iguais e define duas zonas de caça, nomeadamente uma “zona alta” e uma “zona baixa”, através de uma linha traçada de Sul/Norte.
Para oriente nos deparamos com a “zona alta”, que se distingue por ser montanhosa, de terrenos irregulares, rasgados por vales verdejantes e cursos de água, sendo marcada pela prática da agricultura e pecuária.
Para ocidente vislumbramos a “zona baixa”, mais plana e seca, com escassa cobertura vegetal, onde as pastagens se sobrepõem aos terrenos agrícolas.

Permite a caça ao Coelho (Oryctolagus cuniculus), Pombo-da-rocha (Columba livia), Pato-real (Anas platyrhynchos), Marrequinha (Anas crecca) e Piadeira (Anas penelope).
Interdita a caça à Codorniz (Coturnix coturnix) e à Perdiz-vermelha (Alectoris rufa).
Relativamente a estas duas últimas espécies, se são poucos os exemplares de codorniz observados, a Perdiz-vermelha é praticamente inexistente. A haver, serão mesmo muito poucos indivíduos e provenientes das provas de Santo Huberto, realizadas no passado, no entanto será mais adequado dá-los por extintos do que por sobreviventes.
Relativamente ao uso da foice na caça ao coelho, que se trata de um utensílio com enorme tradição na caça desta Ilha, o diploma apresenta uma evolução bastante positiva, pois, ao contrário do precedente, que impedia totalmente o uso de quaisquer instrumentos cortantes para a limpeza da vegetação onde a caça se pudesse refugiar, este já não o faz, situação que vem evitar a perda de coelhos mortalmente feridos no interior de silvados impenetráveis ou noutros locais de densa vegetação onde o trabalho da foice se apresenta de extrema utilidade.

Quanto às aves, apenas se permite a sua caça na “zona baixa”, de 6 de Outubro a 12 de Janeiro, somente aos domingos, do nascer-do-sol às 12H00, pelo processo de Espera e de Salto e num limite diário de 3 peças por caçador. 
Exceção feita para a caça ao Pombo-da-rocha, que decorre de 4 de Agosto a 23 de Fevereiro, em ambas as zonas, aos domingos e feriados, no mesmo horário que as restantes, pelo processo de Espera e num limite diário de 20 peças por caçador.
Relativamente ao edital anterior mantém-se inalterável o estabelecido para o Pombo-da-rocha e aumenta-se um dia de caça aos patos.

Por sua vez a caça ao coelho se estende por três períodos:
O primeiro na “zona alta”, pelo processo de Corricão e Cetraria, de 4 de Agosto a 15 de Setembro, apenas no 1º e 3º domingo de cada mês, das 08H00 às 12H00, no limite de 2 peças por caçador;
O segundo decorre nas duas zonas, pelos processos de Salto, Espera, Espreita, Batida e Corricão, de 6 de Outubro a 8 de Dezembro, apenas aos domingos, do nascer-do-sol às 12H00, no limite diário de 4 peças por caçador;
O terceiro período apenas na “zona alta”, pelo processo de Corricão e Cetraria, de 15 de dezembro a 19 de Janeiro, apenas no 1º e 3º domingo de cada mês, das 08H00 às 12H00, no limite de 2 peças por caçador.
Comparativamente ao calendário da época passada, veio este antecipar o término da caça ao coelho, uma vez que o anterior permitia a realização de jornadas até ao final da época, na “zona alta”, pelo processo de corricão, o que facultava exercício físico e treinamento aos cães.

Retirando esta interdição, e na globalidade, me parece um documento adequado à realidade da caça na Ilha de Santa Maria, pois veio corrigir uma falha, relativamente ao uso da tradicional foice, e se mantém compreensivelmente conservador em todos os seus limites, na medida em que fomos fustigados, no final de 2011 e inícios de 2012, pela Doença Hemorrágica Viral (DHV), no entanto urge descortinar uma solução para a paragem dos cães a partir de meados de Janeiro.

Com base no exposto foi contactada a DRRF, que nos remeteu a seguinte consideração:

A ocorrência de um surto da Doença Hemorrágica Viral (DHV) na ilha de Santa Maria, em finais de 2011, teve como repercussão uma expressiva redução da densidade populacional do coelho-bravo.
A monitorização da população do coelho-bravo, a partir da realização mensal de censos populacionais, realizados pelo serviço florestal local, permitiu constatar uma fraca capacidade de recuperação da espécie, a partir da época de reprodução de 2012, o que, de certa forma, terá sido natural, se tivermos em conta que o efetivo reprodutor disponível para essa época de reprodução havia sido fortemente afetado pelo surto da DHV.
Deste modo, aquando do equacionamento do calendário venatório para a época de 2013/2014, para a ilha de Santa Maria, entendeu-se que seria importante que a época de reprodução do coelho-bravo, relativa ao ano de 2013, decorresse sem a pressão da atividade cinegética, por forma a promover a recuperação da espécie, pelo que se procedeu à interdição do exercício da caça ao coelho-bravo, em toda a ilha, do dia 19 de janeiro até ao final da época venatória de 2013/2014. A análise do impacto desta medida, ao nível da evolução populacional do coelho-bravo na “zona alta” da ilha de Santa Maria, será naturalmente tida em conta no equacionamento do calendário venatório para a próxima época.
Relativamente aos cães de caça, a legislação da caça prevê duas formas para a sua utilização, nomeadamente para o exercício da caça ou para o treino em campos de treino devidamente constituídos para o efeito e que permitem o treino dos cães durante todo o ano, possibilitando deste modo que os cães sejam exercitados ou treinados fora do período venatório. Como tal, seria importante que os caçadores locais tentassem promover a criação de um campo de treino de caça, a partir de um movimento associativo. Fim

Por se apresentar pertinente a solução proposta pela DRRF, consultei o Decreto Regulamentar Regional n.º 4/2009/A, onde a existência e funcionalidade do Campo de treino de caça se encontram preconizadas no Art.º 36.º, do aludido diploma e nos números que se transcrevem:

1 – Por portaria do membro do Governo com competência em matéria cinegética, pode ser autorizada a concessão a associações de caçadores, a clubes de canicultores, clubes de tiro e a entidades titulares de zonas de caça a instalação de campos de treino de caça destinados ao exercício de tiro com armas de caça, treino de cães de caça e provas de caça, nos termos a definir por portaria.
2 – Nos campos de treino de caça apenas é permitida, mediante autorização do dirigente do serviço operativo de ilha com competência em matéria cinegética, a largada de espécies cinegéticas criadas em cativeiro.
3 – Nos campos de treino de caça pode ser autorizada a formação ou avaliação de indivíduos inscritos para exame de carta de caçador, quando inseridas em curso aprovado pelo serviço do departamento do Governo com competência na matéria.
4 – Sem prejuízo do estabelecido no n.º 2, a prática das actividades de carácter venatório em campos de treino de caça só é permitida a caçadores titulares dos documentos legalmente exigidos para o exercício da caça, com excepção da licença de caça.
5 – As entidades gestoras de campos de treino de caça devem assegurar a recolha dos resíduos resultantes das actividades neles desenvolvidas, após o seu término.
6 – A instalação de campos de treino de caça em áreas classificadas carece de parecer favorável do departamento do Governo com competência em matéria de ambiente.
7 – Os campos de treino de caça devem estar devidamente sinalizados, nos termos de portaria do membro do Governo com competência em matéria cinegética.

Finalizo reafirmando que me afigura estarmos perante um calendário venatório ajustado à realidade da Ilha de Santa Maria e concluindo que o Campo de treino de caça, se apresenta como uma solução viável e de extrema utilidade, pelo que mais não nos restará do que assumir a responsabilidade que nos cabe e diligenciar nesse sentido.

25 de setembro de 2013

A "caça" em São Miguel

No dia 22 de Setembro, na ilha de São Miguel, abriu a "caça" ao Coelho bravo, sem espingarda e só com cães, e ao pombo-da-rocha, das 9 horas  às 15 horas. Sem o brilho de outros tempos em que havia caça na Ilha de São Miguel, a data da abertura, apesar de tudo, permanece um dia de festa, mesmo que esta celebração ocorra em crise e sem foguetes.

Como factor muito positivo, saliento a mobilização de alguns jovens para um desporto e um acto de cultura que, quando praticado com ética e segurança, é amigo da sustentabilidade das espécies cinegéticas, já que não fora a acção dos caçadores e muitas delas já se tinham extinguido.

Como factores negativos, permanece a opção de muitos indivíduos em persistirem “caçar” aos  pombos-da-rocha praticamente nos quintais das pessoas, como acontece para as bandas da Rua da Piedade,  na freguesia dos Arrifes. Que se cuidem os torcazes e os doentes do Hospital de Ponta Delgada!
Outro factor menos abonatório advém da escolha recorrente de matilhas numerosas para se “caçar” em zonas muito fraquinhas, em que bastava um cão ou dois para se fazer aquele papel. Enfim!

Texto e foto da autoria de Gualter Furtado

1 de agosto de 2013

Homenagem ao meu Amigo Cremildo

"Normalmente em Portugal só se fazem Homenagens depois de uma pessoa morrer, isto é,  a titulo póstumo. Quebrando esta regra nacional resolvi homenagear em vida o meu amigo Cremildo  Marques e a razão porque o faço prende-se com o facto do Cremildo ser um Caçador que tem contribuído, como poucos, para a divulgação, promoção e defesa do cão de parar nos Açores e no resto do País!
É  verdade que nesta nobre missão tem contado com a firme ajuda do Vitor e do Russo, para já não falar da sua esposa e mesmo da Senhora do Vitor, que estão sempre disponíveis para os acompanhar em tudo, mas é o Cremildo a alma desta empreitada.
Caçamos juntos há muitos anos aos coelhos bravos, às galinholas, às codornizes, às perdizes e aos pombos e, em todas estas modalidades de caça e de espécies cinegéticas tão diferentes e em terrenos também muito distintos e variados,  ele utiliza sempre, mas sempre, os cães de parar.
O seu aspeto com aquelas Barbas compridas e que o irão acompanhar até à cova, já que prometeu cortá-las só quando o Benfica for campeão europeu, escondem um bom amigo, um caçador disciplinado, confiante e muito pontual, que nunca chega um minuto atrasado a um compromisso assumido, e sempre  de um trato superior na relação com os seus amigos cães  e com os outros companheiros caçadores.
O seu canil tem hoje 13 cães com predominância das raças Epagneul Bretão e Setter Inglês e já teve cães de caça e de parar extraordinários, como foi o caso do Epagneul Bretão Scotch, que o levou a sagrar-se Campeão Nacional de Santo Huberto, mas não só, pois na minha presença e num dia de caça o Scotch chegou a parar cerca de 30 galinholas! Também já teve cães de menores aptidões cinegéticas, mas o que eu acho excepcional neste bom amigo é que ele sente e dedica o mesmo carinho a todos por igual.
A sua paixão pelo cão de parar é sincera e vai ao ponto dele e do Vítor irem com frequência à Ilha de São Jorge e mesmo na sua Ilha de residência,  que é o Pico, fazer demonstrações gratuitas das capacidades do cão de parar, aliás, o Cremildo, que me recordo, nunca vendeu um cão que fosse.
Acresce referir que o Cremildo é um cozinheiro fantástico e da mais elevada mestria na distinta arte da gastronomia cinegética. A sua canja de pombas, as galinholas à moda do Pico, as codornizes alagadas ou os tordos  grelhados, são os seus pratos mais afamados e reconhecidos e, justiça lhes seja feita, quem os provar nunca mais deles se esquece,... como também nunca mais se esquece da adega dele! 
Dotado de uma simpatia e disposição fora do comum, que a todos contagia pela sua espontaneidade, sempre que participa numa caçada ou numa Prova de Santo Huberto é a segura garantia de muita alegria e de boa disposição.
Com o Cremildo tenho a sorte de partilhar alguns segredos e cumplicidades que jamais esquecerei, como não esqueço a sua paixão pela caça e pelo cão de parar.
Obrigado amigo Cremildo!"

Texto e foto da autoria de Gualter Furtado

7 de julho de 2013

Aos Javardos pela Força do Calor - Que Saudades!

Há muitos anos, quando a idade era outra e o entusiasmo maior, havia cá neste cantinho do Alentejo um grupo que gostava de caçar javardos, mas gostavam mesmo de caçar porcos esta gente! 
Gostavam tanto que aproveitavam estes dias assim mais quentes, para cima dos 40º, e juntavam-se dois ou três, por vezes com um canito daqueles escolhidos, bem rijos, e iam-se aos porcos...
Caçar com estes calores é duro, muito duro, mas esta rapaziada malina fazia ainda questão de esperar que o dia aquecesse mais, que o chão e as sombras ficassem abrasando e depois lá iam pé ante pé bater barrancos com silvados ou nos acamadoiros do mato, onde poderiam estar os porcos. É claro que era uma temeridade, mas um cantil com água, um chapéu largo e umas polainas chegavam para se sentirem estes jovens caçadores preparados para enfrentar até o inferno... o que faz a juventude!
Os bichos, amagados, esmagados com o calor tremendo, nem acreditavam que ali viesse nada nem ninguém apoquentá-los e saiam mesmo pelas últimas, de mau humor, olhando e escutando tão inusitadas visitas. Saiam-nos debaixo dos pés, de contra vontade, andavam um bocado e paravam na barreira incrédulos. Até as raposas e gatos monteses quase se deixavam apanhar à mão! 
Que saudades! Que saudades do meu valente Dom Brás e dos pequenos Pantufas, que saudades do Rufia e do Farrusco!
Que saudades de após termos um ou dois porcos, cansados, exaustos, nos pormos a pensar então como os iríamos carregar e tirar daqueles infernos...
Que saudades de tais tempos e de tais companheiros!

Texto e foto de João Acabado

6 de julho de 2013

Vivendo e Aprendendo

Numa noite, depois de uma belíssima caçada  aos coelhos, na companhia dos meus podengos e cruzados, estava eu a jantar na Residencial Califórnia, lá na Ilha de São Jorge, com o Celestino, quando um Senhor, que mais tarde vim saber chamar-se Manuel Capitão,  chegou ao pé de nós e perguntou: “Os Senhores são caçadores?"
Acrescentou de seguida: "É que hoje aconteceu-me uma coisa que nunca mais me esqueço. Estava  a trabalhar nas infra-estruturas do Cemitério da Beira, quando comecei a ouvir, lá ao longe, um caçador a cantar e a falar para os cães e eu disse ao meu colega, aqueles homens ou estão malucos ou bêbados logo de manhã! É que eu para matar um coelho não faço barulho nenhum. Eles, com toda aquela algazarra, não matam nada! 
Perante aquela cantoria paramos de trabalhar e fomos espreitar aquela maluqueira, mas depois começamos a verificar que  eles cobravam  mesmo muitos coelhos e que os cães quase que os levavam aos canos das espingardas. Os Senhores  acham isto possível ou nós é que estamos apanhados pelo clima desta bonita terra?”
O meu companheiro de caça, o Celestino, tomou a palavra e respondeu-lhe: “Caro amigo isto é tão possível que o Senhor até veio falar com os malucos que viu esta manhã, sendo que a berraria que ouviu, na Ilha de São Miguel, chama-se "falar aos cães" e o autor da cantoria é o Parceiro aqui do lado (Gualter Furtado). 
O Senhor Manuel Capitão rematou a conversa dizendo : "O Mundo é mesmo pequeno e vivendo e aprendendo!..."

Texto e foto da autoria de Gualter Furtado

27 de maio de 2013

Um Passeio Pedestre pela Sustentabilidade

No seguimento de uma escalada à Montanha do Pico, de uma subida ao Pico da Vara e da realização de um percurso pedestre ao Sanguinho, chegou a vez de um grupo de Colaboradores do BES dos Açores, da Tranquilidade e do Grupo Bensaúde fazerem no dia 25 de Maio, do corrente ano, um passeio pedestre pelos trilhos do Vanzinho e da cascata da Ribeira do Rosal, num percurso de cerca de 12 Km,com inicio nas proximidades do Castelo Branco e terminando junto das caldeiras da Lagoa das Furnas.
Os Objetivos que norteiam estes passeios são múltiplos, com um destaque especial para a valorização do trabalho em grupo, a cooperação, a prática do desporto e a defesa do meio ambiente como uma componente fundamental da sustentabilidade. 
Esta edição foi muito valorizada pelo acompanhamento e esclarecimentos da Dra Hélia Palha, do Engº Miguel Ferreira e da Engª Malgorzata Pietrzak que desempenham funções no Centro de Monitorização e Investigação das Furnas(CMIF). 
No decurso deste trilho foram plantadas pelos participantes várias plantas endémicas dos Açores e de acordo com um modelo que pretende dar sustentabilidade e proteção à Lagoa das Furnas. O empenhado esforço desta pequena equipe do CMIF tem merecido o reconhecimento nacional e internacional, com a obtenção de prémios de grande relevância. Este trabalho, se aprofundado e alargado à Lagoa Seca e às pastagens que circundam o cimo da Lagoa, seria um contributo fundamental para a recuperação da nossa Lagoa e de todo o habitat que a rodeia. Combater a eutrofização da Lagoa das Furnas requer um plano integrado e tem de contar com a indispensável cooperação dos lavradores. 
O problema grave da Lagoa das Furnas não se resolve atuando apenas na Lagoa. É dever dos poderes públicos, dos privados e da sociedade em geral tudo fazerem e apoiarem estes jovens do CMIF para que a nossa Lagoa volte a ser o que era há cerca de 50 anos ou mesmo há 40 anos atrás, simplesmente um local paradisíaco. 
Para encerrar mais esta jornada pela Sustentabilidade aguardava-nos uma excelente bacalhoada nas caldeiras das Furnas e que só poderia ter sido preparada magistralmente por habilidosas mãos Furnenses.

Texto e foto da autoria de Gualter Furtado

30 de abril de 2013

Santo Huberto na Ilha de São Miguel

Realizaram-se nos passados dias 27 e 28 de Abril, no concelho da Ribeira Grande, mais duas provas de Santo Huberto com Cão de Parar sobre Perdizes Vermelhas, integradas no campeonato da modalidade a decorrer na Ilha de São Miguel.
Foram as mesmas julgadas pelo Paulo Cruz, Juiz de Santo Huberto,  tendo sido apurada a seguinte classificação:

1º Classificado - Gualter Furtado, com a Setter Inglesa (F) Madona;
2º Classificado - José Moniz, com a Braco Alemã (F) Íris;
3º Classificado - Francisco Teixeira, com o Perdigueiro Português (M) Obam.

Na fotografia (da esquerda para a direita): Paulo Cruz, José Moniz, Gualter Furtado, Francisco Teixeira

Texto e foto da autoria de Gualter Furtado

1 de abril de 2013

Santo Huberto em São Miguel

Realizaram-se nos passados dias 29 e 30 de Março, no concelho da Ribeira Grande, da Ilha de São Miguel, as duas primeiras provas de Santo Huberto com Cão de Parar sobre Perdizes Vermelhas, no âmbito do calendário de 2013.
Foram as mesmas julgadas pelo Paulo Cruz, que é um Juiz Açoriano e credenciado a nível nacional.
Este tipo de eventos pretende simular um ato de caça real e serve fundamentalmente para testar o caçador ao nível da segurança, transporte e utilização das armas de caça, bem como a qualidade do treino e as capacidades cinegéticas dos cães de parar com especial relevo para as raças perdigueiro português, pointer, braco alemão, epagneul bretão e setter inglês, assim como avaliar o cumprimento das regras elementares do respeito pela natureza e usufruto do meio ambiente.

No conjunto dos dois dias os primeiros classificados foram:

1º lugar : Luiz Faria, com o Epagneul Bretão (M) Mini
2º lugar : José Moniz, com a Braco Alemã (F) Íris
3º lugar : Gualter Furtado, com a Setter Inglesa (F) Madona

O Santo Huberto já teve dezenas de praticantes nos Açores, com diversos campeões nacionais e mesmo do Mundo, tanto em Santo Huberto como em caça prática.
O aumento da burocracia  que é exigida na realização deste tipo de  provas, o elevado custo no transporte das perdizes,  dos cães e dos Juízes,  a par de outros constrangimentos, tem levado ao afastamento de muitos entusiastas de uma modalidade que é uma autêntica escola para o caçador.

Texto e foto da autoria de Gualter Furtado

11 de março de 2013

Da Caça e de ser Caçador

Na sequência de uma reunião em que se encontraram algumas pessoas com responsabilidades, ou pelo menos com acção directa, no sector da Caça, que visava o aglutinar vontades numa defesa “a uma só voz” de algumas áreas especificas deste sector, dei comigo a cogitar sobre a própria Caça e o ser Caçador pela enésima vez e isto porque, em certa parte da discussão se alvitrou, ou pelo menos assim me pareceu, que a palavra Caça fosse eliminada de algumas siglas e nomes de entidades e programas existentes, para que fosse mais fácil o acesso ou a candidatura a projectos nas áreas como a Biodiversidade, o Turismo de Natureza e a conservação desta, e o termo Caça ser “mal aceite” pela sociedade em geral, o mesmo é dizer que por ser politicamente incorrecto o seu uso.
Não me contive e recusei terminantemente integrar qualquer grupo que, para defesa dos interesses da “Caça”, proponha eliminar esta palavra para uma melhor penetração, mesmo que temporária, nos circuitos politico-financeiros ou para outro qualquer desígnio ou por outra qualquer razão.
Após a reunião e depois de nesta ter sucinta, mas firmemente, explicado porque não aceitava tal proposta, dei comigo na viagem a explicar-me o razoável da minha postura e a colocar em formas coloquiais e socialmente inteligíveis as razões da minha opção. O curioso é que não me foi muito complicado, provavelmente porque para os apaixonados as razões mais insípidas serem (ou parecerem) soluções substanciais, mas a verdade é que não me foi mesmo nada difícil, a saber:

1- Se a Caça tem uma má imagem junto da Sociedade este facto deve-se, no geral, ao facto desta mesma Sociedade ter um elevado grau de desconhecimento da realidade desta actividade, muito por força da inanição dos próprios responsáveis deste sector, da desinformação que os média-generalistas praticam e da visibilidade que é dada aos nossos detractores, onde algumas organizações de pretensa defesa da Natureza e dos animais pontificam e que têm a cobertura dos média-generalistas, anti-caça, ambos, por princípio.
Assim sendo, o que devemos é promover a informação da realidade desta prática, contestando a desinformação e promovendo a divulgação nos média, convidando-os, repetidamente se necessário, a estar presentes nos nossos eventos e jornadas para que as possam presenciar e ser suas testemunhas, e refiro-me obviamente às nossas actividades normais e recorrentes, para que não sejam apenas notícia os mega-eventos pseudo-cinegéticos que normalmente são os que têm divulgação e nos quais a componente cinegética é muitas vezes de importância menor e até de discutível qualidade, estes terão o seu espaço mas não reflectem uma realidade.
  
2- A Caça é uma actividade com uma componente física sempre presente, exige ainda uma elevada capacidade de concentração e de manutenção desta por longos períodos de forma a identificar e resolver os lances que se apresentam e a sua conclusão exitosa. Assim sendo, é uma ferramenta indiscutível para a manutenção de uma saúde física e mental que a coloca ao nível das mais exigentes modalidades desportivas e de lazer.
  
3- A Caça tem ainda um “mais” pouco negligenciável, será das poucas actividades em que a um resultado nulo pode corresponder uma performance destacável. Passo a explicar, poucas são as actividades em que o (neste caso) Caçador pode chegar ao fim da jornada sem a obtenção de qualquer peça (por definição o objectivo procurado) e, paradoxalmente, ter efectuado uma fantástica e gratificante Caçada, como assim? Pois bem, é que numa Caçada o objectivo é a vitória sobre as estratégias defensivas dos oponentes (peças de caça) e um teste às nossas próprias capacidades de utilizar os meios existentes no seu (deles) habitat a nosso favor até, como epílogo, tomarmos posse da peça procurada. No entanto, durante uma caçada essas estratégias têm que ser utilizadas para evitar o alerta de um sem-fim de outras criaturas, obrigando-nos a “Caçar” a todo o tempo e não só perante a peça procurada, somando assim por vitórias todas as ocasiões em que o alerta é evitado. Para além disso, quando bem praticada, permite o desfrute de inúmeras cenas da Natureza no seu estado puro que estão vedadas a todos os que apenas contactam com a Natureza de forma invasiva, com motores, multidões, trajectos balizados, alimentação artificial, etc. permitindo-nos um acumular de conhecimento “de experiência feito” sobre as espécies com que comungamos o espaço de Caça e, naturalmente, sobre a Natureza no seu todo.
  
4- Tenho para mim que todos os Caçadores, os que realmente o são, são inevitavelmente grandes conhecedores da Natureza, dos seus habitantes e seus maiores apaixonados e também por isso defensores. Se este facto ainda assim fosse contestável, gostaria de saber quantos dos que integram as fileiras das organizações ditas “de protecção da Natureza” fizeram alguma vez alguma coisa que directamente resultasse na melhoria das condições de vida das espécies selvagens? Farão estudos e censos, estatísticas e propostas programáticas, destes alguns de duvidosa credibilidade pelo artificial da amostra e desconhecimento dos que recolhem os dados, mas e de facto acções directas? como limpar nascentes para a fauna beber, criar pontos de água, facultar comida para as épocas de escassez através de culturas apropriadas e, se necessário, da disponibilização de alimento em épocas de escassez total, ou quando as catástrofes naturais assim o obrigam? pois bem, no grémio dos Caçadores quase e todos mas nunca os encontrei a ser executados pelos agentes daquelas organizações que, temo, estarem mais preocupadas com as suas próprias sobrevivências que com a das espécies cuja protecção tanto anunciam.
  
5- Creio que aqueles não saberão que, até inadvertidamente, ajudamos um número infinito de espécies, dou-vos como exemplo os cevadouros para perdizes ou dos javalis, todos os que já os fizemos (fazemos) e mantemos, podemos observar (e com as novas tecnologias até registar para análises posteriores) o número de espécies que ali se alimentam, desde a formiga que “rouba” o trigo, à Águia ou ao “extinto” lince que ali sabem encontrar as presas que necessitam, passando pelo Chapim que não comendo o grão, sabe que nele se desenvolvem insectos dos quais se poderá alimentar. Não sendo o objectivo em si mesmo, é uma consequência inevitável esse auxílio a todas as espécies.
  
6- São os Caçadores os que mais pugnam para que as técnicas agrícolas se “adaptem” aos ciclos biológicos suplicando (porque é este o termo) a proprietários e empresários agrícolas, nas propriedades que gestionam, para retardarem ceifas e desmates (por exemplo), para permitir a tranquilidade e sobrevivência das espécies que ali nidificam até à capacidade de fuga dos juvenis. Acreditem que não é fácil pois as espécies não têm a capacidade de adaptar os seus ciclos biológicos ao ritmo das alterações das práticas agrícolas, cada vez mais precoces e rápidas.
Os espaços de Gestão Cinegética que contemplam a prática da Caça são, no geral, de maior riqueza no respeitante a Biodiversidade e qualidade ecológica que os restantes, os números falam por si.
Com excepção dos trabalhadores rurais e destes só alguns, poucos haverá maiores conhecedores “do campo e dos seus habitantes” que os Caçadores, algum que outro investigador dedicado, certamente, mas em número garantidamente reduzido. É com agrado, e devo afirmá-lo porque é uma realidade, que registo cada vez com maior frequência o pedido da nossa (Caçadores) participação e auxílio por parte de cientistas e investigadores, esse é o caminho, juntos teremos uma visão melhor e mais fiel da realidade e assim fazer melhor porque mais documentado.
  
7- Os Jovens não se sentem motivados para esta nossa actividade? Naturalmente! Se a imagem que recebem do Caçador é sempre “colada” a uma morte aleatória e injustificada e a um colectivo de bárbaros, é natural que não se sintam interessados, se para além disso os manuais escolares, e outros textos de referência, têm alusões a esta imagem e ninguém a contesta, como queremos que se sintam motivados e curiosos? Impossível!
A curiosidade e apelo só se criarão se todo o colectivo dos Caçadores se unir em torno do dever da informação e difusão da nossa actividade, indo às escolas, às Faculdades, aos Politécnicos, à Sociedade no geral e pedindo (quando não exigindo) aos organismos e seus órgãos directivos a oportunidade de apresentar a nossa actividade, porque legal e juridicamente enquadrada, junto dos seus alunos, componentes e cidadãos, esclarecendo e informando sobre a realidade e significados do que são a Caça e o ser Caçador e sistematicamente corrigindo e pedindo a rectificação ou eliminação dos textos ou outras formas de publicitação que difamem ou distorçam o significado e práticas de ambos os termos, Caça e Caçadores.
  
8- Finalmente existe também uma razão económica, não está contabilizada de forma credível e segura mas é inquestionável que a Caça, directa e indirectamente, movimenta milhões de euros e sabemos que se acarinhada ao invés de maltratada poderá aumentar significativamente o seu impacto na Economia.

Em conclusão, recuso-me a ser TCPS (Técnico de Controlo de Populações Selvagens) ou ACES (Agente de Controlo de Espécies Selvagens) para assim poder formalizar candidaturas ou passar desapercebido ou colado para financiamento à Biodiversidade, ao EcoTurismo ou outras quaisquer formas de promoção e defesa da Natureza, ao contrário, o facto de ser Caçador e de Caçar devem ser pontos favoráveis e distintivos porquanto já de si abonatórios do meu conhecimento daquelas realidades e da sua manutenção e promoção.

Paulo Farinha Pereira
Caçador

Texto e foto da autoria de Paulo Farinha Pereira

14 de janeiro de 2013

Época de Caça 2012/2013 na Ilha de São Miguel

Neste pequeno balancete referente à época de caça 2012/2013, na Ilha de São Miguel – Açores, não entra a caça à Galinhola, porque está proibida nesta Ilha.
A época  de caça a  "sério" em São Miguel, começou no primeiro Domingo de Outubro (07/10/2012) e terminará no último Domingo de Janeiro de 2013 (27/01/2013).
As espécies alvo deste calendário venatório foram o coelho-bravo, a Codorniz, a Narceja, o Pato e o Pombo-da-rocha.
A caça a todas estas espécies cinegéticas  só  podia ser exercida aos Domingos e até às 15 horas, sendo que em relação à Codorniz a sua caça só foi autorizada em quatro Domingos do mês de Dezembro e das 9 horas às 12 horas. 
Se me perguntassem qual a palavra que melhor sintetizava esta época venatória responderia sem nenhuma dúvida: Desilusão!
No que se refere à espécies indígenas, como sejam o Coelho-bravo, a Codorniz e o Pombo-da-rocha pode-se afirmar  que apenas este último apresenta um efectivo razoável, mas mesmo assim abaixo do existente no ano passado.
No respeitante às outras espécies de caça notou-se uma quebra muito mais acentuada, que nem os lançamentos/povoamentos  das Codornizes criadas em cativeiro conseguiram amenizar. 
É uma tristeza o que se está a passar na Ilha de São Miguel!
Em relação às espécies cinegéticas de arribação como as Narcejas (muito embora algumas nidifiquem e residam nos Açores) e os Patos foi também uma época muito fraca.
Quanto aos Patos  as variedades possíveis de serem caçadas foram reduzidas bem como os horários e o número de dias em que podiam ser caçados. Nisto resultou que uma parte significativa dos caçadores Micaelenses, dos verdadeiros amantes da caça aos  Patos, desistisse de ir à caça para não se chatearem com os Serviços Florestais e outros, já que acidentalmente poderiam  atirar a uma espécie que este ano se encontra proibida.
Pode pois estar descansado o "forte turismo de observação de aves que nesta época do ano nos visita" e nos  "enche os hotéis e as casas de turismo de habitação" (infelizmente isto não é verdade), já que a caça aos Patos e os caçadores destas aves não representam qualquer perigo para as suas actividades.
Mesmo assim salvou-se no meio de toda esta "tragédia" em que se converteu a caça na Ilha de São Miguel, os passeios ao campo com os nossos amigos cães e a confraternização com os outros amigos caçadores.
Felizmente que os Açores são constituídos por 9 Ilhas e São Miguel, mesmo sendo a maior de todas, é apenas uma do Arquipélago e está separada das outras por um vasto território de mar.
Esperemos que a Época de 2013/2014 seja melhor, mas como as coisas se apresentam confesso que não acredito muito na realização deste meu desejo! 

Janeiro de 2013

Texto e foto da autoria de Gualter Furtado

8 de janeiro de 2013

ELLY - A Rainha no Dia de Reis

Caço às galinholas há 30 anos. Matei a minha primeira quando tinha 16 anos. Desde esta altura, desenvolvo por esta caça uma enorme PAIXÃO. 
Uma das principais razões desta dedicação a este tipo de caça deve-se muito ao facto dela permitir observar grandes trabalhos onde podemos ver a qualidade dos nossos cães de parar. Quem me conhece e comigo caça sabe que foram vários os cães que nesta caça mostraram lances de grande qualidade. 
Mas a prenda que a ELLY me ofereceu no DIA DOS REIS não é fácil de igualar...ELLY tem a classe que um grande cão de competição deve ter, mas é capaz de se adaptar a todas as disciplinas com uma inteligência acima do comum. Quando o terreno assim o exige, ELLY - o FURACÃO, veste o "fato de macaco" mas não perde a classe de quem passeia o seu melhor smoking. À FORÇA, ESTILO, SENTIDO DE CAÇA E UMA ENORME LIGAÇÃO associada a uma paixão que parece não ter fim, junta uma facilidade enorme em contactar de forma correcta com a caça. Hoje, dia 6 de Janeiro, tinha pensado em não ir à caça, pois a "Equipa Becadera" estava um pouco cansada. Sábado tinha sido dia de trabalho e, por sinal, um dia bem agradável com uma sucessão de lances bem conseguidos.
Mas acordei com a sensação que havia "movimento de galinholas"... Agarrei na ELLY, que já tinha saltado fora da Equipa Becadera, em virtude dos seus compromissos de calendário nas Provas de Primavera, e comecei o meu dia de caça. O FURACÃO sai logo no 1º minuto muito concentrada, forte (à esquerda e à direita) e estava num daqueles dias em que um britânico ambicioso é um bom companheiro para lhe fazer par no terreno. 
Tínhamos 15 minutos de caça quando, do meu lado esquerdo, o chocalho se cala. Após alguns segundos começa a soar o beep, “vamos à procura dela que a cadelinha está bem longe...” Quando a consigo ver, lá está ela em mostra - cabeça bem alta, a "mastigar" o ar e o corpo em grande tensão. Pela expressão que ELLY tem e o sítio em que está parada, a impressão de que era uma galinhola torna-se uma grande certeza.
Mas agora como é que eu “entro”? O sítio melhor para me colocar, o FURACÃO não gosta! Coisas das provas…Mas também não pode ser tudo ao nosso jeito! Respiro fundo e faço uma breve pausa e penso numa frase que um amigo meu e com quem muito aprendi nesta caça me ensinou “ Jorge, as galinholas matam-se com os 2 pés bem assentes no chão”, ou seja, concentrado. Coloco-me à esquerda a 5 metros de ELLY, mando-a guiar e, ao 1º passo, salta a bicuda como uma flecha. O tiro é no sítio e a galinhola cai. Nestes momentos, ELLY transforma todo o seu ímpeto numa calma que sempre me surpreende. Está agarrada ao solo, marcando a pancada à espera da ordem de cobro. Respeita tão bem na caça aquilo que aprendeu para as provas. 
A manhã continua com um recital de ELLY…5 galinholas paradas com grande classe. Relato este dia, não pelo número de abates mas pela qualidade dos lances a que pude assistir. É nestas alturas que sinto o verdadeiro retorno de 2 anos de trabalho. 
Obrigado FURACÃO por esta manhã de caça. Agora é hora de voltar à Preparação para as Provas de Primavera.

Texto e foto da autoria de Jorge Piçarra

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