31 de janeiro de 2010

Caça e Desporto

Podemos caracterizar desporto como sendo o fruto duma actividade de recreio, um exercício corporal praticado ou não ao ar livre, cujo objectivo primordial assenta na diversão, no desenvolvimento da agilidade, da destreza, da força física.
A caça é praticada unicamente no espaço livre, em contacto directo com a natureza, mas também é diversão, proporciona o desenvolvimento da agilidade, da destreza, da força física, sendo, por isso, confundida normalmente com desporto, porém Erich Fromm, em "The Anatomy of Human Destructiveness", faz um descrição da Caça que considero justa e pertinente.
Refere que "in the act of hunting, a man becomes, however briefly, part of nature again. He returns to the natural state, becomes one with the animal, and is freed of the existential split, to be part of nature and to transcend it by virtue of his consciousness."
Será, então, a caça um desporto?

Jane Goodall, refere nos estudos que desenvolveu sobre os chimpanzés, que estes se organizam e caçam em grupos, cerca de trinta vezes por ano.
Por sua vez, o antropologista S.L.Washburn, afirma que, entre os primatas, a caça permite o desenvolvimento de uma estrutura social mais humana do que aquela que é registada nos vegetarianos, acrescentando mesmo que a caça não só exigiu novas actividades e novos modos de cooperação, como também alterou a hierarquia e a estrutura social do grupo, factores que foram determinantes para o sucesso da humanidade.

As gravuras rupestres ensinam-nos que fazemos parte do mundo natural e de um outro que não controlamos, que se prolonga na nossa consciência e que existe muito para além da nossa própria existência, o qual ainda buscamos incessantemente tal e qual o fazíamos há milhares de anos atrás, movidos pelos mesmos objectivos e em cumprimento das mesmas regras.

Actualmente as pessoas, inclusivamente algumas das que se dizem caçadores, identificam a Caça como um desporto, porém esta designação não reflecte a verdadeira essência do que é realmente a Caça, sendo mesmo injusta e incompleta, ordinária, que muito a prejudica.
O verdadeiro Caçador jamais poderá aceitar essa designação e muito menos a presença de quem, da caça, queira fazer um desporto.

A Caça é, antes de mais, a realização de um instinto que nos permanece inalterado desde a alvorada dos tempos e negar a sua existência é repudiar a essência do que realmente somos, pois foi da combinação dessa força inata com o intelecto que surgiram as gravuras do Vale do Côa e nasceu a mais moderna das composições.
Podemos facilmente constatar que, passados todos estes anos, permanecemos iguais, fiéis à nossa condição de predadores, unidos e motivados, não por uma mera actividade, mas pela mesma paixão, através da qual regressamos ao nosso estado original, nos tornamos unos com o mundo natural e nos libertamos.
A Caça não é, definitivamente, um desporto!

26 de janeiro de 2010

A Lebre

Organizado pelo Cavaco (Presidente da Confraria dos Gastrónomos dos Açores) e com a participação amiga do actor Fernando Mendes e outros companheiros dos Açores e do Continente, no passado dia 23 de Janeiro, realizou-se um almoço no restaurante “Mar e Serra”, em Ponta Delgada, cujo prato principal foi a Lebre.


Cozinhada a rigor, à moda de Évora e por uma Senhora Alentejana, a Lebre foi alvo de uma homenagem condigna, merecendo inclusivamente um discurso escrito e lido pelo Presidente Cavaco.



A caça não é só o acto de "matar", mas sobretudo um vasto conjunto de vivências e de sentimentos em que a componente social e a gastronomia são ingredientes fundamentais.

Viva a Lebre!

Gualter Furtado, Janeiro de 2010


Texto e fotos da autoria de Gualter Furtado

9 de janeiro de 2010

A Espingarda de Caça em Portugal

Uma arma, independentemente da duvidosa qualidade da legislação que a possa identificar e regulamentar, tanto poderá sê-lo em função da sua natureza, i.e., quando fabricada propositadamente para servir como tal, ou resultante do seu uso e serve para atacar ou para defender.

Óscar Cardoso sabe-o na perfeição e do enorme conhecimento que acumulou ao longo de uma vida bastante preenchida, resultou uma das mais valiosas obras nacionais sobre o tema em epígrafe, intitulado, precisamente, de "A Espingarda de Caça em Portugal - grandes marcas, balística & outras artes".

São 163 páginas recheadas da mais rica informação, acompanhada e complementada por uma diversidade enorme de fotografias e gravuras de qualidade,... em suma: um grande livro que todos devem procurar obter!

A minha admiração pelo mesmo transcende o valor contido em cada uma das suas páginas e se transforma, naturalmente, em respeito pelo seu autor.Tal não se deve apenas à importância do conteúdo desta obra, mas também ao espírito de sacrifício e de abnegação que o caracteriza.

8 de janeiro de 2010

A Caça Vista Pelos Pintores

No título original "La Chasse Vue Par Les Peintres", é uma fenomenal obra da autoria de Sylvie Ménard, publicado em 1987, que retrata e explica, ao longo das 151 páginas que lhe dão o conteúdo, 65 quadros alusivos ao tema da caça.

Começa, precisamente, com a reprodução de uma pintura existente nas Grutas de Lascaux, datada de há dezassete mil anos antes de Cristo, e que representa um bisonte, um homem e um pássaro, perante a qual Picasso, quando com ela se deparou, afirmou: "fui eu que fiz isto", até à mais recente, datada de 1933, da autoria de Marcel Gromaire, intitulada "Le Braconnier", que se encontra exposta actualmente no Museu Nacional de Arte Moderna, em Paris.

O livro possui vários capítulos, que vão desde o da "Mitologia e Crenças", o "Cerimonial da Caça", e "Artes de Caça" terminando no dos "Quadros de Caça", com o famoso "Trophée de Chasse", de Claude Monet, datado de 1862.

Nas páginas iniciais podemos encontrar o "Saint Eustache", um quadro a óleo sobre tela, não datado, da autoria de Lucas Cranach l'Ancien, que viveu nos anos de 1472 a 1553.
Santo Eustáquio está representado nesse quadro a segurar uma cabeça de veado que possui, entre as hastes, a cruz cristã com Jesus Cristo crucificado.
Reza a história que dava pelo nome de Plácido e servia no exército de Trajano quando se deparou com um cervídio miraculoso que ostentava o símbolo cristão, situação que o levou a converter-se ao cristianismo.
Essa lenda é semelhante à de Santo Huberto, na medida em que foi também um encontro com um veado que apresentava a cruz cristã nos esgalhos, que o levou a interiorizar e a aceitar a fé cristã, sendo hoje reconhecido e aceite mundialmente como o patrono cristão dos Caçadores.

Esta magnífica obra francesa bem que poderia ser o prelúdio para uma outra, de origem portuguesa, que pudesse seleccionar e compilar os melhores trabalhos nacionais desta natureza, haja para tal, apenas e só, a necessária vontade!

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