28 de janeiro de 2009

Manutenção da Espingarda de Caça

Após uma jornada de caça, além do resguardo e alimentação dos cães, do amanho das peças abatidas, o caçador deve também preocupar-se em realizar uma cuidada limpeza e manutenção da sua espingarda.

Geralmente, a maior parte de nós, quando chega a casa cansada, sequiosa e com fome, a primeira coisa que faz é colocar os cães no canil, depositar a caça num canto e encostar o "ferro".
As peças ficam assim para serem limpas durante o serão, e, a espingarda à espera da próxima jornada.

Cuidar da limpeza e manutenção da espingarda de caça é uma tarefa de primordial importância, tanto para a segurança do portador, como para o bom funcionamento da mesma. No entanto o tema passa algo desapercebido e muitas das vezes é mesmo descurado.
Não há nada pior do que fazer uso de uma arma que apresenta um comportamento defeituoso e instável em virtude de uma má manutenção.

Uma espingarda de caça, daquelas que usámos na caça menor, é composta essencialmente por dois tipos de material. São eles o aço e a madeira.
A chapa de coice ou calço da coronha, varia entre a madeira, nas mais nobres, no plástico, na borracha e nos seus derivados, na generalidade das restantes.
Há também um conjunto de peças móveis, em aço, quer no interior da báscula, no sistema de gatilho, no fuste e na entrada dos canos.

No final da jornada:

Devem ser realizados todos os procedimentos de segurança para evitar algum disparo acidental; proceder-se à limpeza exterior da arma, através de um pano limpo, a qual visa remover a maior parte da sugidade, nomeadamente os pós, terra, lama, salpicos de sangue, gordura e suor das mãos, bem como a humidade, no caso de ter apanhado uma molha. Em acto seguido: desmontar a arma; bloquear o gatilho e deposita-la no seu estojo.
De referir que uma simples gotícula de sangue é suficiente para danificar a protecção dos metais e criar um ponto de ferrugem.

Em casa, na mesma data:

Canos

- Retirar os canos e fazer várias passagens pelo seu interior (câmara de detonação, almas, "chokes") com um pano ou escova de pêlo para retirar os vestígios de pólvora e chumbo que possam estar soltos e facilmente removíveis;
- De seguida pulveriza-los com WD40 para fazer o mesmo procedimento, mas desta vez já com um escovilhão de aço. Não esquecer que devem insistir na zona da câmara, na boca dos canos ou nas proximidades dos "chokes", se esta tiver choques intermutáveis, que deverão estar montados e devidamente instalados, para não danificar a rosca;
- Feito isto, passar um pano até que saia completamente limpo. Aqui, há quem o faça com água quente e sabão ou com gasóleo;
Colocam água quente com sabão ou apenas gasóleo num contentor e lavam os canos desta maneira. Como a vareta faz um efeito de sucção através do seu movimento, provoca a renovação constante do líquido e uma limpeza bem eficaz;
- Assim que os canos estão limpos e apresentam o aço brilhante, sem qualquer réstia de pólvora e chumbo, pulveriza-los com WD40;
- Limpar e secar muito bem o WD40, tanto o que se encontra no exterior dos canos como no seu interior;
- Deitar umas gotas de óleo fino, daquele que se usa para olear as máquinas de costura, por exemplo "Singer", num pano limpo e deixar um película de pouca espessura no interior e pincelar o exterior com o mesmo óleo.

Quanto aos choques amovíveis, depois de limpos os canos, devem ser removidos e continuada a sua operação de limpeza, sem esquecer a rosca existente nos canos. Finalizada esta acção, deverão os mesmos ser recolocados, depois de lubrificados, no seu local original, mas não totalmente apertados.
A fita, por sua vez, requer uma atenção redobrada e se for "ventilada", mais ainda, porque é um local propício ao alojamento de todo o tipo de detritos. O mesmo cuidado requerem os canos se também forem "ventilados".
Existem óleos próprios para este tipo de operação, vendidos nas espingardarias, mas sempre utilizei o "Singer". Fica ao critério do leitor a escolha, mas não aconselho o uso daqueles que servem exclusivamente para remover mais facilmente as manchas de chumbo, porque são extremamente abrasivos.
Poderão encontrar nos armeiros estojos de limpeza bastante completos e sugiro a adição ao conjunto de um pincél e de uma escova de dentes.
O WD40 não serve para lubrificar, embora seja um excelente auxiliar na limpeza, pelo que nunca deve ser utilizado como lubrificante.

Fuste

- Limpar muito bem o fuste de modo a que todas as suas partes móveis fiquem sem mácula;
- Colocar umas gotas de óleo nas molas e nas partes metálicas articuladas.

Báscula

- Com um pano limpo, esfregar e limpar muito bem toda a superfície da báscula para que fique imaculada;
- Cuidar para que todos os orifícios, nomeadamente dos trincos, percutores, gatilho, alavanca de abrir, patilha de segurança e patilha selectora fiquem livres de quaisquer resíduos;
- pincelar toda a superfície com um óleo fino;
- colocar umas gotas desse óleo em todas as partes móveis, de tempos a tempos, sem exageros.

Não aconselho ninguém, a não ser que tenham recebido formação adequada, a desmontar as platinas.
Esta operação deve ser realizada por um técnico especializado, sempre que disso haja necessidade.

Madeira da Coronha, Fuste e Calço da Coronha

- Devem ser muito bem secas com um pano e o recartilhado muito bem limpo através de uma escova;
- Poderão passar uma película de óleo muito fina, do mesmo que mencionei acima, mas não convém exgerar na quantidade;
- É muito importante que estejam sempre bem secas quando se faz essa operação, ou então não se faz.

Semiautomáticas

Este tipo de mecanismo requer uma manutenção e limpeza mais extensa, nomeadamente em relação à mola recuperadora, à limpeza do pistão e da válvula de escape.
Enquanto não é necessária a sua substituição a mola deve estar bem limpa e encontrar-se devidamente lubrificada, como o pistão. Por sua vez a válvula exige que os seus orifícios se encontrem desimpedidos, pelo que também devem ser alvo de uma limpeza e lubrificação constantes.

Conclusão

Finalizadas todas as operações supramencionadas, a espingarda de caça está pronta para ser novamente montada e aguardar o surgimento de uma nova jornada.
Convém salientar que, no momento em que é guardada, o óleo não deve escorrer em momento algum, pelo que deve haver cuidado na colocação da película final, para que cubra toda a superfície, mas na quantidade suficiente para tal e só.
Aconselho guardarem a espingarda desmontada em caixa própria, mas se o fizerem montada e na vertical, devem cuidar para que o óleo não escorra e que vá introduzir-se, p.e., nos orifícios dos percutores ou ir alojar-se noutro local.
Nas operações de limpeza devem usar-se sempre panos limpos e para a protecção das mãos um par de luvas.
Mesmo limpa e devidamente guardada, devemos manter-nos atentos em relação ao aparecimento de manchas e surgimento de pontos de ferrugem, pelo que convém renovar a película de óleo de tempos a tempos.
Quanto maior for o indíce de humidade relativa do ar, como acontece nesta região insular, mais atento deve estar o responsável pela sua conservação, pelo que é preferível manter este tipo de equipamento numa divisão da casa bem seca e sujeita à presença de um desumificador.

Como caçadores e portadores de armas de fogo, devemos preocupar-nos por manter limpas e funcionais as espingardas, seja por uma questão de desempenho, por segurança e para a longevidade dos materiais, mas sobretudo pelo respeito que tais artigos nos devem merecer.
Cuidar da limpeza de uma arma é uma prática inteligente e de fácil execução que muito nos pode dizer sobre a personalidade e responsabilidade de um caçador.

25 de janeiro de 2009

Observação de Aves

"Os Açores não sendo ricos na diversividade de Aves tem uma densidade muito boa que aliada às aves de arribação e as que procuram refúgio no Arquipélago no seguimento de fenómenos de dispersão em relação às suas rotas de emigração e que ocorrem no período dos temporais ,fazem dos Açores uma Região extraordinária para a observação de Aves .









A SPEA e o Centro de Estudo e Apoio ao Desenvolvimento do Priolo (ave originária e que só existe na Ilha de São Miguel) no dia 24 de Janeiro realizaram um passeio à lagoa das Sete Cidades ( paisagem única no Mundo e que urge perservar a todo o custo)e aos Mosteiros para observarmos aves que nos visitam ou se reproduzem nos Açores .

Tendo por cenário uma paisagem deslumbrante foi possível observar diversas espécies de patos como a Frisada ,Arrábio , Pato-escuro Americano, Colhereiro e outas aves como a Garça-real, Galeirões, Galinhas de àgua e a rola do mar.




Esta actividade é muito procurada e praticada por cidadãos dos Países Desenvolvidos e de pessoas com uma consciência civíca desenvolvida."








Texto e fotos da autoria de Gualter Furtado

22 de janeiro de 2009

Dos Cães e dos donos

Um bidão de 200 litros, deitado, velho, castanho da ferrujem e da terra que o cobria, esburacado, a desfazer-se, ao qual havia sido retirado o tampo, para que, dali, se pudesse fazer alguma coisa parecida com uma porta para o pobre cachorro entrar e sair, também ele castanho, da cor da lama...

Ainda há quem os mantenha assim, sem dignidade, desconhecendo que merecem, pelo menos, uma casota de madeira, impermeável e de tamanho suficiente, onde possam encontrar refugio e fazer o seu ninho;
Ainda há quem os prive de comida, de água fresca e de liberdade;
São grandes, médios, pequenos, de orelhas afitadas, descaídas, de uma só para cima, de várias cores e feitios, de bom sangue, de raça e sem raça nenhuma, e, ainda há quem desconheça tudo isto.

Pobre do cachorro que lhe calhe um dono destes na rifa!

Encontra-mo-nos numa estação de dias frios, ventosos e de chuva.
Não custa nada proporcionar ao nosso cão um abrigo seguro e confortável, bem como a quantidade diária de comida.
Esqueçam os bidões de chapa que são frios e húmidos de Inverno, quentes e sufocantes no Verão e façam por colocar um estrado de madeira no interior da casota para que não entrem em contacto com o chão frio e molhado quando repousam.

A altura da alimentação é uma excelente oportunidade para brincar com eles, passar algum tempo, reafirmar os laços de amizade.
Mantenham um vestuário de parte para esse fim, para que possam toca-los e deixarem-se tocar sem receio de sujar ou de rasgar a roupa, porque os cães gostam de correr, de saltar, de mordiscar, de lamber, mas sobretudo de atenção.
Experimentem falar com os vossos cães, como falam normalmente, e não se surpreendam se ele vos tentar responder.

Um cão não é só para o dia da caça, nem possui um interruptor que o liga e desliga.
Trata-se sim, de uma autêntica e surpreendente força da natureza, tenha o caro leitor pernas para o acompanhar e a sensibilidade para o respeitar.

17 de janeiro de 2009

Qualidade ou Quantidade

É certo que o edital de caça impõe um limite de peças a cobrar, mas infelizmente há sempre algum pateta ignorante que o desrespeita por puro egoísmo ou por outras razões menores e insignificantes.

Fará sentido, nos dias de hoje, julgar o sucesso de uma jornada pela quantidade de peças cobradas?
Há idiotas que acreditam que sim, que a classificação do resultado de uma jornada é achado em função do que mataram e que quanto maior for esse número, melhores caçadores serão!

A realidade cinegética que vivemos em Santa Maria, exige-nos que sejamos comedidos nas capturas e inteligentes para encontrar uma saída do marasmo em que nos encontramos.

O que devemos retirar de uma jornada de caça é óbviamente o produto do nosso esforço, mas também o trabalho dos nossos cães, o lance que vivemos.
Quantas vezes não recordámos só esta parte em detrimento da caça que foi abatida?
Lembrá-mo-nos de um belo tiro, da façanha de um cão, mas e quantas vezes não acabámos por esquecer a quantidade em favorecimento do coelho que nos proporcionou "aquele momento"?

Pergunto-vos se existe necessidade de matar todos os coelhos e mais alguns sempre que existe essa possibilidade, infrigir a lei para ultrapassar a conta, inclusivé?
Ninguém gosta mais de saborear um bom coelho do que eu, mas convenhamos e tenhamos bom senso!

8 de janeiro de 2009

As Galinholas nos Açores

"Resultante da cooperação desde 2000 entre o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da Universidade de Porto e a Direcção Regional dos Recursos Florestais dos Açores, têm sido desenvolvidos estudos sobre as várias espécies cinegéticas do arquipélago.

Na sequência da publicação de 2004, em 2008 foram publicados os resultados dos trabalhos desenvolvidos, em particular no Pico e São Miguel em 2007, relativos às galinholas. As outras espécies-alvo são o coelho bravo, a codorniz, a perdiz-cinzenta e a narceja."


Fonte: Calibre 12 ( a revista do caçador português )
Texto: Portal Santo Huberto

7 de janeiro de 2009

Astra 89 de Canos

Ao revolver documentos antigos deparei-me com uma licença para uso e porte de arma de caça, referente à Astra, calibre 12, que possuia a particularidade de apresentar um par de canos com 89 cms de comprimento, à qual fiz menção há alguns dias.

Infelizmente essa indicação não consta das características mencionadas no quadro respectivo.

Por curiosidade, o preço desta licença no ano de 1965, foi de 45$00 (quarenta e cinco escudos) e podia ser emitida tanto pelo Comandante da Polícia de Segurança Pública da localidade, pelo comandante de secção ou pelo vice-presidente da câmara, neste caso foi pelo presidente.

6 de janeiro de 2009

A razão de ser RIBEIRA SECA

Há dois anos que tenho o imenso prazer de gerir e desenvolver este blogue.

Independemente das opiniões diversas que, eventualmente, possa gerar ou suscitar há uma questão comum, frequentemente colocada.

Qual a razão de se chamar "Ribeira Seca"; porque foi que escolhi esse nome para o identificar?

Certo é que corre uma ribeira com esse nome nesta ilha, no lugar de Campo Pequeno, no sentido Norte/Sul, indo desaguar no mar, na costa adjacente ao Ilhéu da Vila. Todos sabemos o quão previligiada é essa zona em densidade de caça, mas a razão de ter escolhido tal designação para o blogue também é mais uma.

Sir Thomas More, um inglês do séc. XVI, escreveu uma obra a que chamou "Utopia".
Num jogo de palavras inteligente, descreve aquela que seria a sociedade ideal, caracterizada pela liberdade, respeito, partilha, bom senso.
De salientar que criou "utopia" a partir de duas palavras gregas que significam lugar inexistente.
A sua história é-nos contada por um português, Rafael Hitlodeu de seu nome, que a conheceu numa das suas muitas viagens. A palavra "hitlodeu" também tem a sua origem no grego que significa palavras ocas ou sem sentido.
Trata-se da história de um lugar que não existe, cujo conteúdo cabe a cada leitor, no seu íntimo, avaliar a importância!

Passados quinhentos anos, na aurora do séc. XXI, continuamos a sonhar com uma sociedade mais livre, fraterna e igual.
Tanta falta que ainda fazem o respeito e o bom senso na actividade venatória!

Acresce dizer que possuia um rio, de nome Anidro que, tal como os nomes anteriores, advém da junção de duas palavras gregas e significa que não contém água.
Um rio sem água tal e qual uma Ribeira Seca que pretende proporcionar um lugar aprazível num deserto de idéias e de acções.

2 de janeiro de 2009

Pombo-Torcaz

Cada vez torna-se mais difícil de avista-lo em Santa Maria, trata-se de uma ave que me maravilha toda a vez que tenho a sorte de a ver voar.

Não é todos os dias que temos a possibilidade de encontrar o Pombo-Torcaz (Columba palumbus), mas esta manhã tive um desses momentos.

Por sorte vi-o planar num vôo majestoso, bem à minha frente, a cerca de 15 metros. Fiquei estupefacto, pois esta ave seduz-me devido ao seu tamanho, bem maior do que o pombo-da-rocha ou doméstico, e às riscas bem delineadas e características que ostenta nas asas.
Foi pousar uns metros mais à frente e aproveitei para ir buscar a máquina e tirar as fotografias que ilustram este texto.

Representa uma ave cada vez mais rara nesta ilha.
Embora não existam quaisquer dados científicos, estimo que a sua densidade não ultrapasse as poucas dezenas.
Pela mesma altura, no ano passado, eram duas destas que sobrevoavam estas bandas.

Espero que não acabem por desaparecer tal como sucedeu a uma ave de rapina, semelhante ao nosso milhafre, mas um pouco maior e de cabeça branca, na primeira desratização com veneno, que se realizou nesta ilha, no início da década de 80 do século XX.

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