26 de fevereiro de 2009

Uma Caçada Diferente

A Motivação

A caça para mim hoje são os cães de caça, o meio ambiente, as caminhadas, as espécies cinegéticas, as armas, os cartuchos, os amigos, a gastronomia e de preferência a cinegética e a cultura ligada à caça.
Em síntese caçar não é só “puxar o gatilho“, e foi nesta filosofia de vida ligada ao mundo da caça, que numa recente visita a Paris decidi fazer uma caçada diferente, sem arma nem cartuchos, optando por uma visita a um Museu de Caça e da Natureza, um almoço num Restaurante típico de Paris e a conselho do amigo Guy de Brée e uma visita a uma Espingardaria de armas de ocasião (segunda mão).
Antes de entrar propriamente no tema desta crónica não resisto em contar muito resumidamente como conheci o Guy. Um dia desafiei o Manel França para ir caçar comigo aos coelhos na Ilha das Flores e na companhia do Olivio da Terceira e do Cremilde do Pico e com os nossos cães (a Diana, o Leãozinho, o Piloto, o Charuto e o cruzado de Setter Inglês de nome Barbeiro), diga-se de passagem que estes eram apenas uma selecção dos cães que temos, já que transportar cães inter-Ilhas custa uma fortuna, de forma que para obviar este constrangimento escolhemos a máxima eficiência com o menor peso.
O Manel respondeu-me que nos acompanhava com muito gosto nesta caçada nas Flores, mas a arma que ia levar era uma máquina fotográfica, e em contrapartida pediu-me para se fazer acompanhar de um caçador de nome Guy de Brée, a minha resposta e de imediato foi, venha lá este amigo. Entretanto, o Manel alertou-me para planificarmos bem estas datas, já que o Guy fazia questão de ir para e vir das Flores de barco, ao que eu respondi que mesmo em finais de Julho era complicado e barcos com ligação aos Açores com partida do Continente só porta contentores e petroleiros, resposta do Manel, ele desenrasca-se. E assim foi, o Guy lá se fez ao mar em Leixões num navio de transporte de mercadorias. Foram quase 30 dias vinda e volta, já que o barco teve de parar em várias Ilhas para fazer as descargas e as cargas, e não nos esqueçamos que as Flores é a fronteira a Ocidente da Europa.
A tripulação deste navio da Transinsular foi extraordinária com o Guy, com o Imediato e o Comandante a dispensarem-lhe um tratamento excelente e a todos os níveis, mais do que compensando a dureza da viagem. Chegado às Flores o amigo Guy fez questão de cobrar apenas 3 coelhos com a sua calibre 20 e por sinal bem atirados, e depois arrumou a arma e o resto do tempo foi para saborear a gastronomia local e apreciar as paisagens deslumbrantes da Ilha. Que contraste com aqueles matadores que ainda hoje se deslocam às Flores só para fazer números e armazenar carne.
Aqui está a explicação porque decidi seguir os conselhos do Guy na minha “caçada” em Paris, até porque ele fala com um entusiasmo de França e de Paris como eu falo da Ilha do Pico, da Terceira ou de Santa Maria.
Mas voltemos a Paris, Paris é uma cidade grande em tudo, plana, bem desenhada, com as ruas bem assinaladas, e portanto muito fácil para andar a pé (cuidado com os condutores e as passagens nas passadeiras) e localizar objectivos.
Assim, estava facilitada mais uma regra fundamental do tipo de caça que gosto de praticar hoje e que se traduz em “caminhar Kms e correr nem 1 metro”. Não é pois de estranhar que logo no primeiro dia em Paris tenha andado a pé aproximadamente 30 Kms.
Acresce que durante o percurso e em todos os recantos onde existiam árvores, água e relva lá tínhamos uma grande variedade de aves e algumas delas parentes de espécies cinegéticas como era o caso dos pombos torcazes da Bastilha ou dos patos reais junto à Torre Eiffel.

Vamos ao Museu

Museu da Caça e da Natureza
62, Rue des Archives - 75003 Paris
www.chassenature.org
Preço do bilhete: 6 euros
Permitido tirar fotos sem flash
Está aberto de Terça a Domingo

O Museu é constituído por duas Exposições, uma permanente e outra temporária.
A permanente tem 15 salas com temas diferenciados, com destaque para as salas do javali, do veado, do lobo, dos cães, dos cavalos, da falcoaria, das aves, dos troféus, das amostras e chamarizes, das pinturas com motivos de caça, das armas, das louças, dos trajes e dos móveis também com motivos de caça. De referir que na mudança de uma sala para outra somos contemplados com situações extraordinárias como a da raposa a dormir toda enrolada numa cadeira. Quanto à exposição temporária a que tive a oportunidade de visitar era dedicada a duas caçadas ao javali, uma no palanque e a outra de aproximação e no meio de uma tempestade. O realismo era tal que eu tive a sensação de ser o protagonista daquelas caçadas.
Este Museu está intimamente ligado à personalidade de François Sommer e Jaqueline Sommer que foram os fundadores e mecenas deste Museu. São considerados em França como os pioneiros da defesa da fauna e da natureza e da tomada de medidas que regulamentassem o exercício da caça para lhe conferir uma base de sustentabilidade. François Sommer (1904-1973) inspirou o Presidente da Republica Francesa Georges Pompidou na criação do primeiro Ministério do Ambiente em França.
Vale a pena pois visitar este Museu e verificar como é actual e fundamental a sua filosofia de propostas para a defesa da Caça e da Natureza, já que com águas poluídas, matas devastadas, terrenos e pastagens com cargas excessivas de pesticidas e adubos não temos Natureza nem Caça. A este propósito recomendo a compra no museu de uma reprodução do Livro de Caça de Gaston Phébus (apenas 15 euros), escrito à V Séculos, e no qual se pode ler e ver que “a caça é uma actividade tão antiga como a humanidade... e uma fonte de inspiração para as artes e para as letras”.

O Almoço e a Espingardaria

De seguida rumo à Rue de Grenelle (muito próximo dos “Inválidos” onde estão os restos mortais de Napoleão) para almoçar no Restaurante mais antigo de Paris “A La Petite Chaise”, especialmente recomendado pelo Guy e que remonta a 1680.
É um pequeno Restaurante frequentado no passado e no presente por artistas, escritores, caçadores e políticos como François Mitterand que fez deste estabelecimento o seu Quartel General.
Ainda hoje na entrada do Restaurante temos um espelho que ostenta uma pequena cadeira e que é o símbolo e deu o nome ao Restaurante, e que resta da casa original que se estima tenha sido construída em 1610. A comida é de grande qualidade e com destaque para uma fabulosa sopa de cebola com pão e queijo e que é um dos pratos típicos de Paris. O preço não é barato mas também não é exagerado e dias não são dias e depois temos sempre a alternativa de cortar noutras despesas, é tudo uma questão de escolhas e bom senso. Mas valeu a pena.
Terminado o almoço rumo à Espingardaria de armas de ocasião (usadas) do Senhor Gilbert Laurent e que fica na mesma Rue de Grenelle. O Laurent é mesmo um Senhor que sabe receber bem. A Espingardaria não é muito grande mas está recheada de armas de caça com bom aspecto e de boas marcas. Mas o que mais me impressionou foram os preços muito acessíveis. Evidentemente que a minha idade e principalmente a nova Lei das Armas é um travão à aquisição de novas armas de caça, pelo que me fiquei pela agradável conversa com o Sr Laurent e nunca se sabe se algum dia não volte lá, já que aquelas Merkel , Saint Etienne e Darnes são mesmo de encher a vista.

E assim se cumpriu mais uma jornada com "Uma Caçada Diferente!"

Gualter Furtado

Paris, Fevereiro de 2009


texto e fotos da autoria de Gualter Furtado

10 de fevereiro de 2009

X Montaria ao Javali de Mós do Douro 07FEV09

Organização:
- Associação de Caçadores das Encostas do Douro
Local:
- Zona de Caça Associativa de Mós do Douro
Director da Montaria:
- Gualter Furtado

Nº de Postos: 110
Nº de Matilhas: 15
Nº de Tiros: 100 (valor aproximado )
Nº de Javalis Cobrados: 16 (dezasseis)

Dia magnífico ,mancha localizada junto ao Douro numa paisagem deslumbrante ,com vinhas , oliveiras , amendoeiras em flor ,etc,. Organização bem preparada e sublinhe-se o facto de estarmos em presença de caçadores jovens como os Engenheiros Agrícolas Ricardo Carvalho e o Rui e uma vasta equipe de participantes locais e todos eles "amadores".
Um excelente almoço com uma sopa à lavrador e uns rojões de comer e chorar por mais .
Mós do Douro está de parabéns.

Depois de bem almoçados procedeu-se ao leilão dos javalis com a receita a reverter para a Organização e como contributo para fazer face a parte das despesas. E aqui começou um outro momento alto da montaria com o meu amigo Cremilde Marques , que se deslocou comigo dos Açores de propósito para participarmos nesta montaria e no Domingo encerrarmos a época de caça aos tordos em Trás os Montes na Quinta do Barracão da Vilariça . Quando o Cremilde (o Barbas do Pico) começou o leilão os caçadores e habitantes da terra ficaram impressionados com a sua capacidade de mobilizar os presentes e fazer subir o preço dos porcos de tal forma que já o queriam contratar para ir fazer os leilões em montarias no Minho e no Centro do País.

Ficámos satisfeitos por darmos uma ajuda à Organização que bem merecia , e por outro lado ,cumprímos com um dos Objectivos que prosseguimos quando vamos a estas caçadas que é valorizar a componente social e honrar o nome dos Açores.

Como notas à margem sublinho a presença de Monteiras e de Matilheiras que muito valorizaram a montaria , a forma superior como nos receberam e a prova dos excelentes vinhos do Douro em casa do Senhor Luis Polido .

Finalmente registo a honra com que aceitei o convite do Dr Antonio Graça para ser o Director da Montaria e sublinho que durante a oração recordamos o nosso companheiro recentemente falecido João Brito Fontes (Grande Monteiro).
Aqui fica a minha homenagem às Gentes das encostas do Douro que à custa de muito trabalho transformaram uma encosta bela mas muito dura e difícil de trabalhar num produto sem paralelo que são os vinhos do Douro e do Porto.


No Domingo a história foi outra , com poucos tordos mas muita alegria e um aproveitamento máximo das especiarias da Região ( Alheiras , azeite , pão no forno de lenha , queijos, etc ).




Texto e fotos da autoria de Gualter Furtado

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