28 de agosto de 2008

Os Furtivos

O texto que se segue foi-me enviado por mail e aborda, sem complexos, a necessidade dos caçadores chamarem, a si, e quanto antes, a gestão das zonas de caça, pelo que vos convido a uma leitura atenta.

"Prometi a mim mesmo nos próximos tempos não voltar a falar nem escrever sobre a matança de coelhos bravos feita pelos clandestinos e furtivos . Mas face à tomada de posições das Associações de Caçadores do Pico , da Terceira , de São Miguel e também de alguns caçadores Marienses que se preocupam com a defesa da caça e da sua sustentabilidade resolvi voltar ainda que levemente ao assunto.Convinhamos que este problema dos furtivos e negociantes de carne de coelho bravo é recorrente e quanto a mim não tem solução enquanto os caçadores não forem uma parte activa na resolução do problema , isto é, não se unirem em torno das suas Associações de Caçadores e não avançarem para o Ordenamento da Caça. A reaccionária, velha e caduca ideia de que a Caça Ordenada e as Reservas e as Associativas só " servem para os ricos " e a prevalecer nos Açores a prazo só pode conduzir ao aumento dos furtivos e à redução progressiva das espécies cinegéticas e principalmente do coelho bravo.
Sem uma cumplicidade activa entre Governo, Agricultores e Caçadores, dificilmente temos caça.

Por conseguinte, caros confrades Caçadores, enquanto não for aprovada e publicada a regulamentação da nova Lei da Caça ( e que prevê apenas 25 % para território ordenado nos Açores-muito pouco)e os Caçadores organizadamente com este instrumento legal não avançarem para a caça ordenada, vamos continuar a lamentar-nos dos furtivos, do governo , etc, e continuaremos a assistir à delapidação do nosso património Cinegético.

G Furtado"

São Mais de Metade

"Em vésperas da abertura do calendário venatório, a 24 de Agosto, os caçadores defendem a valorização de uma modalidade que poderá ser uma aposta para o turismo na ilha Terceira.

A Associação Terceirense de Caçadores queixa-se de uma lei pouco severa e da falta de apoio governamental para formar e investir na caça.

Coelho, codorniz e galinhola são os animais de caça mais prejudicados pelos caçadores furtivos que abatem aquelas espécies fora da época venatória. Em conversa com o nosso jornal, o presidente da Associação Terceirense de Caçadores (ATC) alerta para a necessidade “urgente” da regulamentação da nova lei regional da caça.

“Actualmente a lei não considera crime abater animais de caça fora de tempo, apenas é contra-ordenação”, revela João Vicente. E continua: “As multas acabam por ser baratas e compensatórias, pois com 100 coelhos caçados fica tudo pago”.

A opinião é partilhada por Eduardo Leal Luís, presidente do Clube de Caça das Fontinhas (CCF), acrescentando que os caçadores “não se respeitam uns aos outros”.

“O caçador que está a caçar coelho, por exemplo, não deve abater tudo o que lhe aparece à frente. Uma espécie pode estar dentro da época mas a outra não”, explica.

Questionados sobre o eventual número de caçadores furtivos na ilha Terceira, ambos responderam prontamente que “são mais de metade”. A qualidade do coelho bravo e por conseguinte a sua procura para consumo e venda são os principais motivadores.

“A sorte é ser abundante na ilha devido às características vulcânicas e vegetação da Terceira. Noutras ilhas com pouca quantidade, como São Miguel ou Pico, o coelho já teria desaparecido”, considera o responsável pela ATC.

Em termos de atracção turística a caça constituiria uma “aposta” nos Açores. João Vicente acredita que no caso da ilha Terceira a abundância do coelho bravo, a nova lei regulamentada e o apoio do Governo Regional formariam as garantias necessárias para investimento no sector.

“O nosso coelho é muito conhecido no continente e isso motiva os caçadores a viajarem até à ilha. Hoje com os custos das passagens e das estadias, as associações não têm possibilidades financeiras para apoiar a vinda de caçadores aos Açores”, conclui João Vicente."

Artigo publicado n´A União, de Quarta-Feira, dia 20 de Agosto de 2008, em Actualidade.


NOTAS


- A caça furtiva é uma realidade mais do que evidente nesta região, não é só característica de uma ou outra ilha em particular.

- Continuamos a desconhecer a razão da discrepância existente no tratamento do furtivo, visto que no continente é crime e neste arquipélago não passa de uma simples contra-ordenação.

- A caça pode muito bem ser um factor de desenvolvimento local e regional importante, mas apresenta-la como quem tira um coelho da cartola, sem um plano devidamente estruturado, em que a exploração racional deste recurso seja o culminar de um esforço crescente e gradual na organização dos terrenos, desenvolvimento de habitats e da biodiversidade que interessa salvaguardar, não fará melhor do que o pior dos furtivos!

23 de agosto de 2008

Borrelho-de-Coleira-Interrompida

Fotos de 1 adulto e de de algumas crias de Borrelho-de-coleira-interrompida, Charadrius alexandrinus, anilhados na última viagem de Carlos Pereira à ilha Terceira, no final do mês passado.
Trata-se de uma das três limícolas residentes nos Açores (as outras são as nossas amigas bicudas).

Como têm um voo todo "escangalhado", alguns confundem-nos por vezes com narcejas (caçarretas dum raio!)...





*Texto e fotografias de Carlos Pereira, cuja reprodução é interdita, recebidos por mail e adaptados a este post.

21 de agosto de 2008

Parque Natural de Santa Maria

Em sessão extraordinária, realizada de 1 a 3 de Julho do corrente ano, o Parlamento Açoriano aprovou o diploma que cria o Parque Natural de Santa Maria, o qual integra e classifica diversas áreas terrestres e marítimas da ilha.

Em reunião de 18 de Julho passado, o Conselho de Ilha emitiu um parecer favorável em relação ao documento supracitado e sugeriu a representação rotativa da Associação Agrícola de Santa Maria e da Associação de Caçadores da Ilha de Santa Maria, por entender existirem assuntos que directamente se relacionam com a actividade destas associações.

A foto e a informação que ilustram o texto acima foram retiradas do jornal mensal "O Baluarte", da sua edição de Agosto de 2008.

NOTAS


- De referir que uma área importante na zona da Ribeira Seca, bem como outra, que parte do Lugar de Piedade, Malbusca, até ao Farol da Maia, é considerada área protegida para a gestão de habitats ou espécies e que Feteiras de Baixo, na freguesia de São Pedro, até ao lugar de Norte, na freguesia de Santa Bárbara, é identificada com a classificação de área de paisagem protegida.

De salientar que os locais supramencionados são conhecidos por todos os caçadores como essenciais para a prática da actividade venatória

16 de agosto de 2008

Caça e Segurança

Nunca é demais repetir que se devem respeitar todas as normas de segurança aquando do manuseamento de armas de fogo, como as espingardas de caça, mesmo as mais simples e básicas.

Felizmente que o transtorno ocorrido no passado dia 15 de Agosto, em pleno acto de caça, nesta ilha, não assumiu contornos mais graves, apesar de, mesmo assim, ser necessário proceder-se à evacuação do jovem acidentado, por via aérea para a vizinha ilha de São Miguel, a fim de receber os necessários e urgentes cuidados médicos.
Desejamos-lhe que tudo corra pelo melhor, que a convalescença seja rápida e que recupere totalmente!

Ninguém se encontra imune, pelo que todo o cuidado continua a ser pouco, sendo que nunca é demais repetir, relembrar e reler os conceitos que se seguem:

A arma de fogo só deve ser manipulada por quem se encontra na plena posse das suas faculdades, pelo que o caçador deve cuidar de si e alertar prontamente todos aqueles que não cumprem as mais elementares regras de segurança.

O caçador deve manter uma atitude crítica e permanentemente observadora da sua actuação, aquando do uso de armas de fogo e não esquecer que o excesso de confiança está muitas vezes na origem dos acidentes.

São 10 as regras básicas que se seguem e que devem ser cumpridas:

1. Abra a arma sempre que lhe pegar.
2. Mantenha a arma aberta sempre que estiver na presença de outras pessoas.
3. Nunca aponte a arma na direcção de alguém, mesmo que esta se encontre sem munições.
4. Antes de proceder ao municiamento da arma, verifique se os canos estão desobstruídos.
5. Mantenha os canos sempre em direcção segura.
6. Desmunicie a arma sempre que passar qualquer obstáculo.
7. Nunca dispare sem identificar claramente o alvo.
8. Antes de disparar verifique o que está para além do alvo.
9. Não utilize armas muito usadas sem submetê-las primeiro a uma verificação realizada por um armeiro competente.
10. Quando manusear armas não ingira bebidas alcoólicas.

Mesmo que pensem encontrar-se a espingarda desmuniciada só ficarão com a certeza disso se a verificarem pessoalmente.

Não permaneçam na presença de alguém com a vossa espingarda fechada, no caso das paralelas ou sobrepostas, ou com a culatra à frente nas semiautomáticas, porque provoca receio e desconfiança, um mal-estar desnecessário e prejudicial.

Não apontem a arma na direcção de outra pessoa, porque poderá estar municiada, apesar de vos sugerir o contrário.

Devido a quedas ou impurezas de qualquer natureza os canos poderão encontrar-se obstruídos, pelo que é necessário verificar o seu estado de limpeza antes de colocar qualquer munição.
O disparo efectuado numa arma com o cano obstruído desenvolve pressões altissímas que poderão acabar por rebentá-lo com graves prejuízos para a integridade física do portador e acompanhantes próximos.

Não raras as vezes as armas são transportadas com os canos na horizontal. Trata-se de uma prática incorrecta e grave, pois podem disparar acidentalmente e atingir alguém. Os canos devem estar sempre apontados para o chão, desde que não haja perigo de ricochetes, ou então para cima.

Devem retirar as munições da câmara de detonação sempre que pretendam ultrapassar um obstáculo uma vez que o perigo de queda é real e em resultado a arma poderá disparar-se.

Disparar sem identificar claramente o alvo é uma grande irresponsabilidade.
Muitas vezes a chumbada não se detém no alvo e segue o seu percurso, pelo que é importante verificar o que está para além da peça de caça de modo a evitar atingir bens, animais domésticos ou mesmo outras pessoas.

Armas muito usadas são um perigo para o utilizador e para aqueles que se encontrem nas proximidades, ou porque têm folgas, ou não garantem chumbadas perfeitas, ou podem rebentar.
Os canos defeituosos podem originar a formação de cachos que atingem distâncias longas e seguem trajéctorias irregulares.

A ingestão de alcool em excesso, além de ser uma prática ilegal na caça e severamente punida, não traz bem nenhum e muito menos para o sucesso do acto venatório.
É de uma total irresponsabilidade e falta de respeito.

Em casa as armas não devem ficar ao alcance das crianças.
Uma arma é sempre motivo de curiosidade e de brincadeiras que podem ser trágicamente fatais.

Devem manter as armas desmontadas e trancadas à chave em espaço próprio e em local separado do das munições, num ambiente fresco e seco para que não se deteriorem.

Os cartuchos de calibres e comprimentos diferentes não devem ser misturados para não serem utilizados erradamente.
Lembrem-se de que um cartucho de calibre 20 sela perfeitamente o cano de um calibre 12, sem que se note a sua presença e sem ocupar espaço na camara de detonação.

Antes de sairem para a caça devem efectuar uma limpeza geral na espingarda de modo a assegurarem-se de que se encontra em perfeito estado de conservação.

O transporte das armas de caça no automóvel ou em outros veículos, deve ser efectuado com as espingardas descarregadas, desmontadas, alojadas em estojo próprio e com um sistema bloqueador do gatilho.
As munições devem estar acondicionadas e protegidas dos raios solares para evitar o desenvolvimento pressões exageradas e perigosas.

Assim que cheguem ao local de caça, retirem a arma do estojo e nunca a apoiem de forma, ou em lugar, onde possa tombar, escorregar ou cair. Além dos danos exteriores, outros mais graves poderão acontecer no interior, que impossibilitem o uso da espingarda com a devida segurança.

Verifiquem sempre se os canos estão desobstruídos, se a arma ficou bem montada, se funciona correctamente e se as munições são do mesmo calibre e adequadas à caça a praticar.

Segurem sempre a arma de modo a que a boca dos canos nunca esteja virada para qualquer pessoa.

Na caça procedam ao municiamento da espingarda somente quando estiverem afastados dos companheiros e fechem a arma de modo a manter os canos virados para baixo em vez de ficarem na horizontal. Por defeito mecânico a arma poderá disparar ao fechar.
Para evitarem acidentes ao fecharem a espingarda paralela ou sobreposta, em vez de levantarem os canos, levantem a coronha. Assim manter-se-ão apontados para uma zona segura.
A coronha é que deve fechar a arma e não os canos!

Não devem confiar totalmente no mecanismo de segurança da espingarda.
Uma arma travada pode disparar devido a uma pancada, queda ou deficiência mecânica.

O guarda mato, a peça que protege o gatilho, não assegura uma protecção integral. É necessário tomarem atenção para que nada lhe toque acidentalmente.

Quando caçarem com matilha devem evitar colocar a arma no chão, porque algum animal poderá embater na espingarda e provocar o seu disparo. Sempre que disso tiverem necessidade, deverão proceder ao seu desmuniciamento.

Apesar de útil, a bandoleira pode prender-se em qualquer objecto, ramo, vegetação, pelo que o seu uso requer uma atenção maior.

Nunca passem um obstáculo com a arma municiada.
Valas, vedações, muros devem ser transpostos com a arma aberta e sem munições. Mesmo parecendo desnecessário, nunca deixem de fazê-lo.

Verifiquem sempre se os canos ficaram obstruídos depois de uma passagem difícil, tropeção, queda.
Depois do disparo, antes de municiarem, verifiquem o interior dos canos, porque podem ficar obstruídos com qualquer componente do cartucho.

Nunca devem transportar a arma com o dedo no gatilho, mas sim encostado ao guarda-mato. Só deverão fazê-lo no momento imediato que antecede o disparo.

Devem abrir e desmuniciar a arma sempre que alguém se aproxima.

Assinalem a vossa posição aos seus companheiros e nunca corram a mão na direcção deles, nem disparem para a vegetação que mexe.

No momento do tiro nunca atirem na direcção de alguém, mesmo que pareça fora de alcance e façam-no na certeza de que a chumbada é parada pelo terreno imediatamente a seguir ao alvo.

Nunca atirem sobre o mato ou vegetação que mexe, porque desconhecem o que pode estar no interior e atrás. Poderá tanto ser um animal como uma pessoa.

O disparo só deve ser efectuado a uma peça de caça perfeitamente visível e identificada.

Quando seguirem a caça com a espingarda, tenham atenção ao que possa estar na linha de tiro e para além dela, porque poderão encontrar-se cães ou outros caçadores.

O risco de ricochete é uma realidade em terrenos pedregosos, planos e duros e não façam tiros rasantes sobre a água pelas mesmas razões.

Recolham do chão os cartuchos disparados, trata-se também de uma medida de preservação ambiental e previne que sejam engolidos por animais que se alimentam da vegetação rasteira.

Depois da jornada de caça procedam ao desmuniciamento da arma de fogo.
A sua limpeza deve ser efectuada quanto antes e se ficou molhada deve ser bem seca antes de guardada.

O uso de vestuário apropriado também é uma medida preventiva.
Na caça, porque estamos expostos às diferentes condições climatéricas a escolha de vestuário e calçado adequado e resistente, que nos proporcione liberdade de movimentos, sejam frescos no verão, quentes e impermeáveis no inverno, permite-nos um melhor aproveitamento das jornadas. Protege-nos a integrídade física e a saúde.

Para uma melhor identificação e localização no terreno de caça, principalmente em dias de chuva ou nevoeiro, é preferível o uso de vestuário de cor fluorescente amarela, laranja ou vermelha.

A escolha de óculos protectores e protecções para os ouvidos também não deve ser descurada.

Existem óculos resistentes a impactos próprios para caça que serão óptimas aquisições para defender a visão.

Para prevenirem os danos na audição provocados pelo ruído da detonação de uma munição, o uso de protectores auricolares é a melhor opção que um caçador pode fazer.

Verifiquem se possuem as vacinas actualizadas e façam-se acompanhar por um pequeno estojo de primeiros socorros.
Se não vos for útil poderá sê-lo para cuidar dos seus companheiros.

Aquando da realização do seguro de caçador, escolham uma modalidade que cubra convenientemente qualquer contrariedade.

Não deixem de manter uma atitude crítica e permanentemente observadora da vossa actuação.
Lembrem-se que o excesso de confiança é um passo em frente para a ocorrência de um acidente de caça, que pode ter consequências pessoais fatais e dramáticas para os vossos familiares.
Na caça, os comportamentos de segurança de nada valem se não forem aplicados instintivamente, pelo que devem ser treinados.

Em matéria da segurança devemos dúvidar sempre de nós próprios e dos outros de modo a podermos reduzir e a evitar situações que poderão colocar-nos em perigo.

A prevenção continua a ser a melhor estratégia quando a vida humana não é objecto de brincadeira.

Agradecendo o precioso tempo dispendido na leitura deste longo texto, finalizamos com votos de excelentes jornadas para todos os caçadores amigos, responsáveis e cumpridores.

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